Temer diz que fim do Auxílio Emergencial pode gerar revolta da população
Em entrevista, ex-presidente disse que o Governo Bolsonaro tem que agir na área dos auxílios para não gerar revolta popular
O ex-presidente Michel Temer (MDB) disse em entrevista que a situação dos auxílios sociais no Brasil pode acabar em uma revolta popular. De acordo com ele, o Presidente Jair Bolsonaro precisa dar “atenção à fome”. Além disso, ele aconselhou o Governo Federal a abrir créditos extraordinários para continuar os pagamentos do projeto.
“Essas grandes massas populares, num dado momento, podem se rebelar, podem desagregar a nossa nação”, disse Temer na entrevista para o Valor Econômico. De acordo com ele, muita gente em situação de vulnerabilidade pode não estar disposta a esperar até o próximo ano para querer tirar Bolsonaro do poder.
“Não é preciso queimar a cabeça para editar orçamento de guerra e coisas assim, basta usar o que está na emenda do teto e, agora, em face do prolongamento da pandemia com imagens de gente procurando no lixo para poder comer, temos mais de 20 milhões que passam fome. Não é pobreza, é miserabilidade e temos de dar atenção a isso”, disse Temer.
O ex-presidente está falando sobre uma regra que existe atualmente no teto de gastos. Trata-se de um texto que passou pela aprovação do Congresso Nacional ainda em março deste ano. A PEC Emergencial permite que o Palácio do Planalto use créditos extraordinários em situações atípicas. Para o ex-presidente, essa é a hora de usar esse dinheiro. No entanto, ele disse que não se pode quebrar as regras fiscais.
“Se nós hoje tivemos as nossas empresas nacionais praticamente destruídas, nós temos de ter capital estrangeiro aqui dentro no ano que vem. E para ter capital estrangeiro essa gente olha e quer saber se tem responsabilidade administrativa, fiscal”, disse ele na mesma entrevista para o site do jornal Valor Econômico.
Fim do Auxílio Emergencial
Muito se falou sobre uma possível prorrogação do Auxílio Emergencial, mas ao que tudo indica, isso não vai acontecer. Em entrevista no início desta semana, o Presidente Jair Bolsonaro disse que o Governo não tem condições de pagar mais o benefício.
De acordo com o Ministério da Cidadania, algo em torno de 35 milhões de pessoas estão recebendo o Auxílio Emergencial neste momento. Os valores são os mesmos desde abril deste ano. São parcelas que variam entre R$ 150 e R$ 375.
Com a chegada do novo Bolsa Família, espera-se que pelo menos uma parte dos usuários do Auxílio migrem para lá a partir de novembro. Só que se sabe que não há vaga para todo mundo. O próprio Governo vem admitindo isso.
Bolsa Família maior
Enquanto o Palácio do Planalto toma a decisão de não prorrogar o Auxílio Emergencial, eles decidem aumentar o valor do Bolsa Família para além daquilo que se esperava. A ideia inicial era liberar mensalidades de R$ 300, mas agora será de R$ 400.
Além disso, o Presidente Jair Bolsonaro também decidiu criar um outro Auxílio de R$ 400 para cerca de 750 mil caminhoneiros de todo o Brasil. De acordo com o chefe de estado, trata-se portanto de uma ajuda na compra do diesel.
Segundo o Ministério da Cidadania, algo em torno de 25 milhões de pessoas que hoje recebem o Auxílio Emergencial irão ficar sem nada a partir do próximo mês de novembro. Ainda não se sabe se o Planalto está preparando algo para proteger esses indivíduos.