Depois de três anos de um aumento rápido e contínuo em sua base de usuários no Brasil, o Telegram parou de crescer, segundo a pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box – Mensageria no Brasil – Janeiro de 2023. Desde o mesmo mês de 2019, quando estava instalado em 13% dos smartphones nacionais, o app vinha registrando, semestre a semestre, a cada edição da pesquisa, crescimento acima da margem de erro, até atingir um pico de 65% em agosto de 2022. E estagnou neste número na nova pesquisa.
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É a primeira vez em três anos que o Telegram não registra crescimento. Mas as más notícias não param por aí, pois houve uma redução no engajamento da sua base. Seis meses atrás, 50% dos seus usuários declaravam abrir o app todo dia ou quase todo dia. Agora, são 43%, uma queda de 7 pontos percentuais.
Nesse período, houve uma queda na proporção de usuários de várias das suas ferramentas de comunicação. O percentual de usuários do Telegram no Brasil que participam de canais no app diminuiu de 66% para 61%. Outro exemplo: o percentual dos que trocam mensagens de áudio caiu de 42% para 37%.
Sua base de usuários continua sendo um pouco mais masculina que feminina, e mais concentrada nas classes A e B, do que nas C, D e E. Por faixa etária, o Telegram está instalado mais em smartphones de jovens de 16 a 29 anos, que naqueles dos mais velhos.
Versão premium é a resposta para monetização?
A criação de uma versão premium é um caminho para a monetização de serviços de mensageria. O Telegram está experimentando essa alternativa desde o ano passado, mas apenas 6% da sua base de usuários no Brasil aderiu e 10% pretende assinar a versão paga, que oferece mais recursos e capacidade ampliada.
No WhatsApp, 40% dos usuários têm interesse a assinar uma versão premium que trouxesse “funcionalidades exclusivas e melhor performance”. Porém, neste grupo, mais da metade informa que estaria disposta a pagar até R$ 5 por mês, ou seja, um quarto do valor da assinatura premium do Telegram, que serve como referência para esse mercado.
Até onde se sabe o WhatsApp não tem planos de criar uma versão paga. Curiosamente, o WhatsApp era pago até 2016. Apenas no primeiro ano de uso era gratuito, depois, o usuário precisava pagar US$ 1 (um dólar) por ano para usá-lo. A mudança veio cerca de dois anos depois de ser adquirido pelo Facebook por US$ 22 bilhões.
Signal desaba em engajamento
Quem também perdeu mercado entre os apps de mensageria foi o Signal, que sofreu uma queda significativa de engajamento de seus usuários no Brasil nos últimos seis meses. Por exemplo, diminuiu de 52% para 41% a proporção de usuários do Signal que trocam mensagens de texto; de 48% para 39% os que enviam mensagens de áudio; e de 48% para 43% os que trocam imagens.
A proporção de usuários do Signal que abrem o app todo dia ou quase todo dia caiu de 31% para 28% em seis meses. O único ponto positivo foi o aumento de apenas um ponto percentual na proporção de smartphones com o aplicativo instalado, que passou de 12% para 13%, variação dentro da margem de erro.
E o RCS?
O RCS, que deve substituir o SMS, passou de 32% para 34% na proporção de brasileiros que já receberam um SMS “com imagem, vídeo ou áudio” – esta foi a forma encontrada para descrever o serviço, já que a maioria da população desconhece o novo serviço. A variação entre seis meses, contudo, está dentro da margem de erro.
O SMS, por sua vez, continua sendo utilizado massivamente para o envio de notificações e senhas temporárias para acesso a serviços digitais, em razão da sua universalidade – trata-se de um serviço disponível em 100% dos celulares. Enquanto 45% dos brasileiros recebem SMS todo dia ou quase todo dia, apenas 6% enviam SMS com essa mesma frequência, o que demonstra que esse serviço se tornou praticamente um canal de mão única.
Metodologia da pesquisa
Panorama Mobile Time/Opinion Box – Mensageria no Brasil é uma pesquisa independente produzida por uma parceria entre o site de notícias Mobile Time e a empresa de soluções de pesquisas Opinion Box.
Nesta edição foram entrevistados 2.086 brasileiros com mais de 16 anos de idade que acessam a Internet e possuem smartphone, respeitando as proporções de gênero, idade, renda mensal e distribuição geográfica desse grupo. As entrevistas foram feitas on-line entre 11 e 23 de janeiro de 2023.
Esta pesquisa tem validade estatística, com margem de erro de 2,1 pontos percentuais e grau de confiança de 95%.