O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu na quarta passada (15/06) elevar a taxa Selic em 0.5%. Atualmente a taxa básica de juros está em 13.5%. A alta tem como objetivo reduzir a pressão inflacionária, que vem pesando no bolso dos brasileiros.
O governo vem aumentando a taxa há muito tempo. É a 11ª alta seguida, passando de 12.75% para 13.25%. É o maior crescimento desde dezembro de 2016, quando os juros atingiram o patamar de 13.75% ao ano.
De acordo com um anúncio do Comitê, em agosto o governo deve aumentar novamente a taxa básica de juros.Ela será feita de acordo com as expectativas do mercado, que já previa a alta da Selic por conta do aumento dos preços no cenário nacional.
Na reunião do Copom de abril, houve um aumento de 1%. O governo sinalizou na época que continuaria a elevação do juros, mas que seria um aumento menos significativo. Com o objetivo de desacelerar a inflação, a alta da taxa pode ter efeitos negativos no desenvolvimento econômico do país.
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Causas da inflação
O quadro inflacionário brasileiro vem avançando, principalmente nos setores alimentícios e de combustíveis. De acordo com o Copom, o aumento de preços aos consumidores possui um caráter “tanto em aspectos mais passageiros quanto em tendências mais permanentes”.
O governo acena algumas causas para o aumento da inflação, como uma pressão global para a elevação dos preços, por conta de uma reavaliação das projeções de crescimento econômico mundial.
Além disso, existe também uma hesitação acerca da atenção do governo brasileiro às regras fiscais do país, de acordo com investidores. O teto de gastos, por exemplo, subiu para que fosse implementado o pagamento de R$400 para o programa Auxílio Brasil.
O Copom afirma que a alta da taxa Selic seguirá, mesmo com um cenário contracionista. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio ficou em 0.47% sendo menor que o do mês anterior. No entanto, a alta inflacionária atingiu 11.73% nos últimos 12 meses.
No início do ano, em fevereiro, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia sinalizado que a inflação iria crescer nos meses seguintes, chegando ao topo entre abril e maio, e depois iria desacelerar.
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Taxa Selic
A taxa básica de juros, Selic, é basicamente um padrão a ser seguido para o cálculo de todos os juros do país. O seu aumento faz com que as modalidades de crédito do mercado fiquem mais caras. Entretanto, quando a Selic cai, as despesas das financeiras e bancos diminuem, o que ocasiona uma maior oferta de crédito no mercado.
Por essa razão, o aumento da taxa básica de juros causa uma retração econômica, pois o crédito fica mais caro, influenciando negativamente na sua obtenção. Há menos investimentos no cenário nacional. É uma via de mão dupla, a inflação é controlada, mas o país cresce menos.
Há um aumento das taxas bancárias, o consumo da população diminui, assim como os investimentos produtivos, reduzindo o Produto Interno Bruto (PIB) nacional. A renda do cidadão e o emprego também caem. A dívida pública sofre um impacto, por conta de suas despesas com os juros.No entanto, as aplicações em renda fixa rendem mais.
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Razões para a decisão do Copom
O Copom decidiu aumentar a taxa básica de juros após realizar uma análise dos dados e informações relativas à inflação, realizadas pelo Relatório Focus. Os analistas econômicos pojetaram uma inflação para 2022 de 8.5%. Para 2023 a perspectiva é de um aumento de 4.7% e 2024, de 3.25%.
A taxa Selic, de acordo com os analistas, deve terminar o ano a 13.25%. Espera-se que os juros caiam para 10% em 2023 e que atinjam os 7.5% em 2024. Portanto, há uma expectativa de que o país controle a inflação e que volte a crescer.
O relatório Focus foi divulgado pelo BC na semana passada e influenciou na decisão de aumentar a taxa de juros. O mercado financeiro se baseava em outros números, uma alta inflacionária de 2022 em 8.89%. Em relação à Selic a estimativa era a mesma, de 13.25% este ano.