A partir deste ano de 2023, o Cadúnico poderá se transformar em uma lista de emprego para empresas que estão precisando contratar pessoas. A informação foi confirmada pelo Ministro do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT), durante um evento em São Paulo, na noite da última segunda-feira (20).
O Cadúnico é uma espécie de lista virtual do Governo Federal que reúne os nomes de brasileiros em situação de vulnerabilidade social. Normalmente, as gestões federais, estaduais e municipais usam as informações desta lista para definir as pessoas que serão selecionadas para programas sociais e de transferência de renda.
Esta lógica deve ser seguida normalmente e não vai mudar. A diferença agora é que o Governo pretende entregar esta lista para empresas, para que elas possam também usar estas informações para contratar novas pessoas. A expectativa do Ministério é de que até 1 milhão de indivíduos saiam da lista para trabalhar até o final deste ano.
“Quando a gente pega o público do CadÚnico, que depende de transferência do Bolsa Família, são 55 milhões de brasileiros até a atualização de fevereiro. Quando separamos a parcela da população em idade e trabalho, encontramos 27 milhões de brasileiros e quando estratificamos por grau de instrução encontramos pessoas com ensino médio, técnico, Pronatec e com ensino superior que hoje vivem em uma família que depende do Bolsa Família“, disse o ministro.
“Trocar cartão por carteira assinada, pela chave de uma lanchonete. É isso que o Brasil precisa. Vamos trabalhar na perspectiva de tirar 1 milhão (de pessoas) até o fim do ano. Essas pessoas não estão lá por fraude, são pessoas qualificadas e que recebem o Bolsa Família, e que gostariam de uma oportunidade”, continuou ele.
Classe média
No mesmo evento, Dias disse que pretende fazer com que mais pessoas em situação de vulnerabilidade social entrem na classe média.
“Vamos desafiar o setor público e privado para abrir oportunidades para esse público do cadastro único por um emprego ou por um negócio, empreendedorismo, tirar pessoas da situação da miséria e da pobreza. Trazer gente, o máximo possível, para a classe média”.
“Vamos participar juntos desse programa de qualificação profissional, temos como base o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que era uma integração do setor público e privado, na perspectiva de qualificar milhões de brasileiros.”
O Ministro não explicou neste evento se o Governo vai oferecer algum tipo de contrapartida para as empresas que optem pela lista do Cadúnico para contratar profissionais.
“(Vamos) garantir que a gente tenha a contratação. Não é um negócio que eu estou tirando um coitadinho, não. Estou falando de coisa, de compromisso social com capacidade. São pessoas capacitadas”, explicou o Ministro.
Cadúnico no Piauí
Dias exemplificou o projeto dizendo que já está conversando com empresas que precisam contratar pessoas. Ele citou como exemplo o caso do Carrefour, que está prestes a abrir uma nova loja em Teresina, no Piauí.
“Após um entendimento com o Carrefour, que estava para abrir esse atacarejo, (eu) disse: ‘vão ao CadÚnico, selecionem para vocês mesmos fazerem a contratação. Não por benevolência, mas por preencherem o requisito’. Boa parte das pessoas que eles vão contratar lá recebe o Bolsa Família.”