Para que um cidadão brasileiro consiga suprir todas as suas necessidades mais básicas, seria preciso receber um salário mínimo de R$ 6.652,09. Ao menos é o que apontam os mais novos números de uma projeção divulgada nesta semana pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O salário ideal está notadamente mais alto do que o pago na realidade. Hoje, trabalhadores brasileiros recebem um piso de R$ 1.320, segundo dados oficiais do Governo Federal. Alguns estados possuem salário próprios, mas nenhum deles chega perto do patamar ideal que foi definido pelo Dieese nesta semana.
Hoje, o salário mínimo ideal é mais de 5 vezes maior do que o salário real. Na prática, os números indicam que uma família que recebe apenas um salário mínimo certamente tem muita dificuldade para se manter, já que o dinheiro precisa ser dividido para comprar comida, pagar contas, fazer a feira e realizar uma série de outras atividades pagas no dia a dia.
De todo modo, o Dieese também aponta para uma leve situação de melhora. Em maio do ano passado, o salário mínimo real era de R$ 1.212 e o ideal era de R$ 6.535, uma diferença notadamente maior do que a registrada em maio deste ano por esta nova projeção. Em 2022, nesta mesma altura, o salário ideal era quase seis vezes maior do que o salário real.
A conta do Dieese
Para chegar a estes números, o Diesse considera os preceitos da Constituição Federal, que indicam que o brasileiro tem direito a alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. A partir destas informações, o Departamento calcula quanto seria necessário receber para bancar todos estes direitos.
Neste sentido, a inflação acaba tendo um peso grande nesta projeção. Como o país está em processo de desaceleração inflacionária, os preços de produtos e serviços começam a cair, fazendo com que o salário ideal para pagar todas as contas também diminua.
Inflação desacelera
Nesta quarta-feira (7), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), revelou que a inflação no Brasil subiu 0,23%. Trata-se de uma desaceleração, já que no último mês de abril, o saldo ficou em 0,61%.
O resultado para o mês de maio surpreendeu o mercado financeiro. Analistas da agência Blomberg, por exemplo, esperavam que a inflação fosse perder fôlego, mas em uma velocidade menor, para a casa dos 0,33% em maio deste ano.
Com esta nova variação oficial, o IPCA atingiu a marca de 3,94% no acumulado dos últimos 12 meses, ainda com base nos números divulgados pelo IBGE. Trata-se, portanto, do menor nível de inflação desde outubro de 2020.
Salário mínimo
Com o aumento do salário mínimo, e a queda na inflação, a tendência natural é que a diferença entre o salário ideal e o real seja cada vez menor. Vale lembrar que no início deste mês de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou mais um aumento no valor dos pagamentos de R$ 1.302 para R$ 1320.
Este foi o segundo aumento do salário mínimo este ano. O último foi definido ainda no ano passado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que elevou o valor dos pagamentos de R$ 1.212 para R$ 1.302, um pouco acima dos números da inflação do ano passado.
Em maio, o atual presidente Lula enviou ao Congresso Nacional o seu Plano Nacional de Valorização do Salário Mínimo. O documento em questão estabelece uma série de regras para o reajuste real do valor a partir do próximo ano.
“Com mais dinheiro em circulação, as vendas do comércio aumentam, a indústria produz mais. A roda da economia volta a girar e novos empregos são criados”, disse o presidente em pronunciamento recente na cadeia de rádio e televisão.