O mercado de trabalho dos Estados Unidos registrou um desempenho considerado frustrante pelos analistas em setembro deste ano. A saber, o setor privado do país criou 89 mil postos de trabalhos no mês passado. Os dados fazem parte do Relatório Nacional de Emprego da Automatic Data Processing (ADP), divulgado nesta quarta (2).
Aliás, esse relatório, realizado em parceria com a Moody’s Analytics, é considerado uma prévia dos dados oficiais do país. A divulgação pelo Departamento do Trabalho dos EUA está prevista para acontecer na próxima sexta-feira (6).
Os dados de setembro frustraram as previsões de analistas. Em resumo, os economistas consultados pelo “The Wall Street Journal” projetavam a criação de 160 mil novos postos de trabalho no setor privado do país no mês passado, mas o resultado foi bem menor que o esperado.
Vale destacar que o número de vagas criadas no setor privado em setembro deverá ficar bem abaixo dos números observados nos meses anteriores. Isso porque os EUA criaram 324 mil postos de trabalho em julho, enquanto os números de agosto chegaram a 177 mil.
De acordo com a ADP, o número de vagas criadas nos Estados Unidos em setembro desacelerou significativamente devido às grandes empresas, que reduziram 83 mil vagas, eliminando os ganhos observados em agosto.
Por outro lado, as pequenas empresas criaram 67 mil postos de trabalho no mês passado, figurando como as principais responsáveis pelo crescimento do número de vagas no país.
Aliás, o resultado de setembro é bastante preocupante, pois é o mais fraco desde janeiro de 2021. À época, muitas empresas privadas realizaram demissões no país.
Também vale destacar que os hotéis e restaurantes criaram 92 mil vagas de emprego em setembro. Em síntese, o setor foi o que mais criou postos de trabalho no mês. A ADP revelou que, das 89 mil vagas abertas em setembro, 81 mil aconteceram no setor de serviços, enquanto as outras 8 mil surgiram no setor de bens.
Nesta semana, o dólar vem subindo, pressionando o mercado de câmbio. Um dos principais fatores que estão fortalecendo a moeda norte-americana é o temor em relação aos juros nos Estados Unidos.
Na terça-feira (3), projeções de crescimento do número de vagas de trabalho criadas nos Estados Unidos ganharam força entre os investidores. A expectativa de aumento dos postos de trabalho poderia pressionar o Federal Reserve, banco central dos EUA, a aumentar os juros no país.
Para quem não sabe, os bancos centrais aumentam os juros nos países para segurar a taxa inflacionária. Como as expectativas indicavam um aumento significativo do número de postos de trabalho criados, segundo o relatório Jolts, os investidores ficaram mais temerosos em relação a um novo aumento dos juros no país.
Isso poderia acontecer porque o crescimento de pessoas trabalho no país significaria maior volume de dinheiro na mão da população. Como consequência do aumento dos gastos, a inflação tende a se fortalecer, ou seja, o Fed poderia voltar a elevar os juros para controlar a taxa infacionária.
Cabe salientar que, no último dia 20 de setembro, o Fed, manteve estável a taxa de juros no país, o que já era esperado pelo mercado. No entanto, a decisão não foi unânime, pois alguns diretores do Comitê de Política Monetária do Fed votaram a favor de uma elevação de 0,25 ponto percentual dos juros.
Apesar de o Fed não ter elevado os juros no país, a taxa está no maior patamar em mais de 20 anos nos EUA. Portanto, os consumidores estão com o poder de compra em um nível muito baixo, visto que os juros altos pressionam o custo de vida no país.
Em síntese, a entidade decidiu aguardar mais um pouco para analisar os próximos dados relacionados à atividade econômica dos EUA, bem como o desempenho de outros indicadores, como taxa de desemprego e inflação. Aliás, o banco não descartou a possibilidade de aumentar os juros ainda em 2023.
Caso isso ocorra, a decisão deverá afetar diretamente a cotação do dólar, pois, quanto mais altos os juros estiverem, maior o rendimento dos títulos norte-americanos. Resta aguardar até a próxima sexta-feira (6), quando os dados oficiais irão sair. Às vezes, há diferenças enormes entre os dados da ADP e do Departamento de Trabalho norte-americano.