O volume de serviços no país caiu 0,9% em agosto deste ano, na comparação com o mês anterior. A queda acontece após o setor acumular ganhos de 2,1% entre maio e julho e o afasta do recorde histórico registrado em dezembro de 2022.
Em resumo, o setor de serviços iniciou o ano em queda, afundando em janeiro. O resultado negativo foi provocado pela forte base comparativa, ante dezembro de 2022, pois o volume de serviços costuma apresentar um forte resultado no último mês de cada ano.
Nos meses seguintes, os resultados foram majoritariamente positivos, mas voltou a cair em agosto. Com o acréscimo deste resultado, o setor passou ficar 11,6% acima do nível de fevereiro de 2020, último mês antes da decretação da pandemia da covid-19. Contudo, o valor está 2,1% abaixo do recorde registrado no final do ano passado.
Pandemia afundou setor de serviços no Brasil
Nos últimos anos, a crise sanitária prejudicou significativamente o setor de serviços no país. O incentivo à restrição da circulação das pessoas para diminuir os riscos de disseminação do vírus afetou diversas atividades que dependem fortemente da presença física das pessoas.
Passados os fortes impactos registrados em 2020, o setor passou a se recuperar em 2021, fortalecendo o ritmo de crescimento em 2022, e, agora, em 2023. Aliás, no acumulado dos oito primeiros meses de 2023, o volume de serviços cresceu 4,1% na comparação com o mesmo período de 2022.
Em suma, houve taxas positivas em quatro das cinco atividades pesquisadas, bem como em 58,4% dos 166 tipos de serviços investigados. A propósito, todos os dados fazem parte da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Quatro das cinco atividades de serviços encolhem no mês
De acordo com o IBGE, quatro das cinco atividades pesquisadas do setor de serviços encerraram agosto em queda, na comparação com julho, puxando a média nacional para baixo. Veja abaixo as variações de cada uma das cinco atividades:
- Serviços profissionais, administrativos e complementares (1,7%);
- Informação e comunicação (-0,8%);
- Outros serviços (-1,4%);
- Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-2,1%);
- Serviços prestados às famílias (-3,8%).
Em síntese, o destaque do mês foram os serviços profissionais, administrativos e complementares, que registraram a única alta de agosto. O resultado conseguiu reduzir a queda acumulada pelos demais segmentos, mas não foi capaz de impulsionar a taxa nacional para o campo positivo.
Setor de transportes exerce maior impacto negativo
Em agosto, o ramo de serviços de transportes exerceu a maior influência negativa na taxa nacional. Aliás, todos os modais registraram queda no mês: terrestres (-0,9%); aquaviário (-1,3%); aéreo (-0,3%) e armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio (-5,5%).
“A gestão de portos e terminais, que está dentro do subsetor de armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio, vem apresentando perda de fôlego há algum tempo, registrando um impacto importante na pesquisa. O transporte de cargas, por sua vez, atingiu o ápice em julho de 2023, ou seja, está com uma base de comparação muito elevada“, explicou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Já o segundo maior impacto negativo foi exercido pelos serviços prestados às famílias. A queda de 3,8% em agosto eliminou boa parte do ganho acumulado entre abril e julho, de 4,8%. “O setor agora devolve boa parte desse ganho, com a queda ocorrendo basicamente em restaurantes e hotéis, que são os principais componentes em termos de peso“, disse o pesquisador.
Cabe salientar que o setor de serviços prestados às famílias é o único a não superar o patamar pré-pandemia. Em resumo, o segmento está 5,8% abaixo do nível observado em fevereiro de 2020.
Setor de serviços cai em 19 das 27 UFs
A pesquisa também revelou que o setor de serviços caiu em 19 das 27 unidades federativas (UFs) em agosto. Entre os muitos recuos, as principais taxas negativas vieram, respectivamente, de:
- São Paulo: -1,2%;
- Minas Gerais: 1,8%;
- Bahia: 2,8%.
Por outro lado, as principais contribuições positivas vieram de Mato Grosso do Sul (7,5%), Paraná (0,4%) e Rio de Janeiro (0,2%), que limitou o recuo do setor de serviços em agosto.
No acumulado de 2023, o volume de serviços cresceu 4,1% no Brasil graças às taxas positivas disseminadas. A saber, 26 das 27 UFs registraram aumento das receitas no período, impulsionando a taxa nacional.
Entre janeiro e agosto deste ano, as principais contribuições positivas vieram, respectivamente, de Minas Gerais (9,0%), Paraná (11,8%), Rio de Janeiro (5,1%), Santa Catarina (10,3%), Mato Grosso (18,1%) e Rio Grande do Sul (6,9%). Em contrapartida, a única taxa negativa foi registrada no Amapá (-2,8%).
Por fim, vale destacar que os serviços respondem por quase 70% do PIB brasileiro. Além disso, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE. Isso quer dizer que, quanto mais o setor crescer, mais a economia brasileira vai avançar.