A partir da próxima sexta-feira (1), mais uma categoria trabalhista passa a entrar oficialmente em greve. Desta vez, tratam-se dos servidores públicos do Banco Central (BC). Por meio de uma assembleia geral realizada nesta segunda-feira (28), os empregados decidiram começar a paralisação de maneira oficial.
Entre as reivindicações, duas se destacam: reajuste salarial e reestruturação de carreira. A paralisação já estava no radar do Governo Federal nas últimas semanas. A confirmação da greve, no entanto, pegou algumas pessoas de surpresa. Segundo o Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), mais de 90% dos servidores votaram pela paralisação.
Ao menos até a publicação desta artigo na manhã desta terça-feira (29), o Banco Central (BC) ainda não tinha se pronunciado oficialmente sobre esta decisão dos trabalhadores. Nas últimas semanas, servidores e diretores da instituição participaram de negociações, entretanto, à julgar pela votação, dá para dizer que as conversas não avançaram.
Os servidores pedem um reajuste de 19,9%. De acordo com informações de bastidores, o pedido em si preocupa o Palácio do Planalto, que teme que a decisão abra espaço para que outras categorias a seguirem pelo mesmo caminho. Vale lembrar que parte dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já estão em greve desde a última semana.
Membros do Palácio do Planalto temem que a decisão de paralisação do Banco Central prejudique parte da população que precisa realizar operações de câmbio e até mesmo o PIX. Há a avaliação de que a greve pode afetar de diversas maneiras os dois serviços para a população.
É importante lembrar que esta não é a primeira vez que os funcionários do BC decidem parar as atividades. Nas últimas semanas, eles também optaram por essa forma de protesto contra o Governo Federal.
Entretanto, nas últimas ocasiões, as paralisações aconteceram de forma pontual. De acordo com os sindicatos que representam a categoria, as paradas iniciais foram apenas “um alerta para o Governo Federal”.
De todo modo, as paralisações pontuais que aconteceram até aqui, foram suficientes para gerar um impacto dentro do sistema de coleta e divulgação de indicadores de dados financeiros do país. Com a nova greve, há o temor de que o problema se torne ainda maior.
O surgimento de greves de algumas categorias acontece alguns meses depois de o presidente Jair Bolsonaro (PL) ter prometido pagar um reajuste salarial apenas para os profissionais federais da segurança pública.
Com o anúncio, servidores de outras áreas também começaram a pedir pelos aumentos. Em geral, os trabalhadores alegam que haveria uma certa “injustiça” por parte do Governo ao pagar o aumento apenas a uma categoria.
De acordo com informações de bastidores, o Palácio do Planalto avalia de perto a possibilidade de novas greves em outras categorias. Servidores do Tesouro Nacional e analistas de planejamento e orçamento, por exemplo, deverão discutir a possibilidade de paralisação em assembleia nesta terça-feira (29).