Sérgio Moro anuncia escritório de inteligência na fronteira para o fim de 2019

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, anunciou que até o final deste ano será apresentando um novo projeto de segurança nas fronteiras com objetivo de fortalecer o combate ao tráfico de entorpecentes e armamentos. O ministro disse que  pretende apresentar o novo modelo a partir de um projeto já em construção. Com isso, a PF recebe mais um motivo para chamamento de aprovados no último concurso e também a abertura de um novo certame.

De acordo com Moro, será criado um escritório de inteligência integrado nos principais pontos de trânsito das fronteiras. O projeto-piloto será implantando no Sul do país, na cidade de Foz do Iguaçu-PR, que faz  fronteira com Ciudad del Este, no Paraguai, e Puerto Iguazú, na Argentina. A unidade contará com agentes da Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, Polícia Federal e Forças Armadas, além de representantes das polícias locais.

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O ministro se inspirou no Fusion Center, um escritório norte-americano que integra várias forças na área de El Paso, no Texas, que faz fronteira com o México. A tríplice fronteira no Paraná é apontada como porta de entrada no Brasil, de contrabandos em geral (armas e drogas). Em março, em uma reunião com o governador do Paraná, Ratinho Junior, Moro estabeleceu prazo de 45 dias para definir o cronograma de ação em Foz do Iguaçu.

Nesta quinta-feira, 11 de abril, o governo confirmou que vai chamar mil aprovados no concurso da Polícia Federal, divulgado em 2018. A informação veio através do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, durante coletiva em comemoração aos 100 dias de governo. “Está aí ajustado o aproveitamento de mil novos policiais federais que foram aprovados em concurso público”, garantiu o ministro, durante evento realizado no Palácio do Planalto para um balanço das ações governo e pelo cumprimento das 35 metas prioritárias do governo.

O escritório de inteligência também será o responsável por articular operações conjuntas com país da fronteira. No mês passado, durante sua fala na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, Sérgio Moro citou operações conjuntas com o Paraguai para erradicar plantações de maconha no território vizinho e afirmou que a cooperação Brasil-Paraguai vai incluir o aumento no intercâmbio de efetivo policial entre os dois países.

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“Se o projeto piloto der certo, vai ser reproduzido em outras fronteiras e poderemos potencializar o uso de recursos nessa área”, disse Moro à Agência O Globo. O ministro disse que o projeto não precisará, necessariamente, passar pelo Congresso, já que a maior parte das medidas estão no âmbito do Executivo.

Com a necessidade de mais policiais federais nas fronteiras, em um novo projeto, a Polícia Federal poderá abrir um novo concurso, visto que o déficit, conforme dados obtidos com a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), é de 4.330 servidores.

Déficit na PF é de 4,3 mil policiais

O maior quantitativo de cargos vagos na Polícia Federal é para o cargo de Agente Policial. O déficit, conforme dados da corporação, passam de 2.400 profissionais. Em seguida, aparecem os cargos de Escrivão e Delegado, com 970 e 680 postos vagos, respectivamente. Além disso, os cargos de Delegado (680), Perito (130) e Papiloscopista (125) tem vagas sem preenchimento na PF.

Cargo Cargos vagos Vagas do último concurso (2018)
Agente Policial 2.425 180
Escrivão 970 80
Delegado 680 150
Perito 130 60
Papiloscopista 125 30

PF independente para abrir concursos

O presidente Jair Bolsonaro divulgou, através de publicação no Diário Oficial da União do dia 29 de março, o decreto (9.739) que estabelece normas sobre concursos públicos. Entre elas, consta que a Polícia Federal, a partir de agora, não precisará mais solicitar a abertura de concursos ao Ministério da Economia. De acordo com o documento, o diretor-geral da PF que será o responsável por definir os atos de pessoal e de ingresso na corporação.

“III – à carreira de Policial Federal, cujos atos serão realizados pelo Diretor-Geral da Polícia Federal”, diz o trecho do decreto. Além da PF, os cargos de Advogado da União, de Procurador da Fazenda Nacional e de Procurador Federal, cujos atos serão realizados pelo Advogado-Geral da União, e os cargos Diplomata, cujos atos serão realizados pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, não precisarão de solicitação no Ministério da Economia.

Agora, o Diretor-Geral da Polícia Federal terá autonomia para autorizar a realização de novos concursos e decidir sobre o provimento de cargos. O decreto, que só entra em vigor no dia 1º de junho, vale apenas para a área policial. O setor administrativo ainda dependerá de autorização do Ministério da Economia.

De acordo com o texto, os concursos para Polícia Federal deverão ocorrer quando o número de vagas exceder a 5% dos respectivos cargos; ou com menor percentual de cargos vagos, de acordo com a necessidade e a critério do Ministro de Estado da Justiça e Segurança Pública.