Abrir a própria empresa é o sonho de muitos, embora as preocupações financeiras turvem um pouco o glamour de ser o próprio patrão. E isso é mais do que justificável: organizar as finanças não é um hábito para mais de um terço dos brasileiros (36%), segundo uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
Quando se tem o próprio negócio, as contas da pessoa jurídica (PJ) não podem se misturar com as da pessoa física (PF). Isso dá trabalho, mas é necessário para a saúde da empresa.
O dono do negócio, em um primeiro momento, pode se sentir tão inserido ao seu empreendimento, que começa a fazer pequenos gastos, até se apropriar de recursos maiores, já que o dinheiro é dele.
O contrário também é comum. Quando a empresa não está indo tão bem quanto desejado, sem qualquer plano, o empresário começa a tirar do seu próprio dinheiro para sanar pequenos buracos.
As consequências desse tipo de descuido são:
Estas situações podem, aos poucos, conduzir o negócio à ruína, mesmo ele tendo potencial para crescer no mercado. Como o empreendedor pode evitar isso?
Esse é um dos itens essenciais para que sua empresa tenha saúde financeira.
Em primeiro lugar, se possui uma pessoa que cuida das finanças, converse sobre o montante que é retirado e o quanto isso está comprometendo o empreendimento.
Esteja decidido a não usar o dinheiro da empresa para cobrir suas despesas pessoais, e da mesma forma, não colocar na empresa nenhum dinheiro do seu bolso.
Separe, definitivamente, as finanças pessoais e empresariais. Abra uma conta para a pessoa jurídica e outra para a pessoa física. Isso vai permitir que você não confunda os recursos e faça gastos com o dinheiro do seu empreendimento.
Qual é o lucro real de sua empresa e quanto você gasta com despesas pessoais todos os meses? Responder essas perguntas e ter isso bem mapeado é o primeiro passo para separar as finanças.
Em uma planilha, coloque todas as contas da empresa (entradas e saídas). Em outro, anote os gastos pessoais (fixos e variáveis).
Sim, a renda pessoal pode aumentar conforme o desempenho da empresa melhora. Entretanto, tomar para si todo o lucro líquido, sem fazer cálculos, é irresponsável.
O recomendado é definir uma quantia fixa mensal de “salário” para o empreendedor e uma bonificação que varia de acordo com os resultados da empresa. Assim, se o negócio for bem, você ganha mais, e se não for, o salário fixo está garantido.
Existem duas possibilidades: partindo da realidade do negócio ou de uma meta mensal de faturamento.
Calcule quanto dinheiro entrou e quanto saiu. Da diferença, lembre-se de separar uma parte para a reserva da empresa, e o restante pode ser definido como o salário do empreendedor.
Com isso, você terá uma meta de faturamento que precisa ser atingida todos os meses. Caso a meta não seja batida, seu salário também diminui.
Separando as contas, fica fácil reconhecer o que um é o dinheiro da empresa e, o outro, da pessoa por trás do negócio, e te previne da cair na tentação de gastar o que é da empresa.
Hoje, temos boas opções em cotas PJ sem altas mensalidades, em bancos físicos e digitais.
Nos pequenos negócios, é comum ter “bens compartilhados” entre empresa e empreendedor, como veículo, celular, internet e energia elétrica. Avalie quanto cada bem é usado pela empresa e pelo empreendedor, para fazer um calculo o mais preciso possível.
Não é justo que você esteja pagando o celular usado pela empresa, assim como não é justo que a empresa pagar seu aluguel.
Por mais que sua empresa esteja prosperando, ela não é imune aos imprevistos. Um dos principais motivos para a falência de negócios é não estar preparado financeiramente para enfrentar situações diferentes das habituais. Veja alguns casos em que o fundo de reserva da empresa pode ser usado: