Segundo pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Nordeste foi a região do Brasil mais afetada no rendimento do trabalho pela segunda onda da pandemia. O estudo tomou por base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para chegar a essa conclusão, a pesquisa comparou o rendimento efetivamente recebido pelos trabalhadores. Ou seja, a renda do trabalho do mês com todos os demais benefícios trabalhistas, como férias e bonificações. A pesquisa foi assinada pelo técnico do Ipea Sandro Sacchet de Carvalho e divulgada nesta sexta-feira (17).
Na região Nordeste, o rendimento efetivo do trabalho recuou 7,05% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. Já no segundo trimestre, essa renda registrou uma nova queda, desta vez de 2,56%. Essas quedas resultam na maior perda de rendimento entre as cinco grandes regiões do país.
As regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste registraram aumento de renda efetiva no segundo trimestre. Sendo assim, as recuperações da renda foram de 3,72%, 3,96% e 1,35%, respectivamente. Já a região Norte registrou forte queda de 4,2% no segundo trimestre, mas havia recuado menos que o Nordeste no primeiro trimestre (3,85%).
Ceará fica em destaque
A atividade econômica do estado do Ceará cresceu 0,36% na passagem de junho para julho. Os dados foram divulgados pelo Índice de Atividade Econômica (IBC-R), nesta quinta-feira (16), pelo Banco Central e mostram que o estado possui um rendimento melhor do que a região Nordeste durante o segundo trimestre.
O IBC-R, considerado uma espécie de prévia do PIB, é utilizado pelo Banco Central para avaliar a evolução mensal da atividade econômica no País. Desse modo, o índice incorpora informações sobre o nível de atividade dos três setores da economia: indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos.
No caso do estado do Ceará, os dados mostram que, em 12 meses, o indicador apresentou alta de 2,87%. Já no segundo trimestre, o nível de atividade econômica subiu 1,92% na comparação com o semestre anterior. Já no comparativo com igual período de 2020, a alta é de 7,02%. Dessa maneira, o Ceará se mostra como um dos estados mais ativos economicamente do Nordeste.
Já no Brasil como um todo, a atividade econômica apresentou o segundo mês consecutivo de alta em julho, embora o ritmo de avanço tenha se reduzido. Nesse sentido, os dados divulgados no dia 15 mostram que o Índice de Atividade (IBC-Br) subiu 0,60% em julho, em comparação com junho e houve crescimento de 5,53% em relação a igual mês do ano anterior.
Preocupação com o poder de compra no Nordeste
A população do Nordeste segue pessimista em relação à recuperação da economia do país e ao poder de compra. Segundo uma pesquisa do Radar Febraban para a região, 72% dos moradores da região acreditam que a economia só vai se recuperar a partir de 2022. Além disso, para 48% da população, a expectativa é que o poder de compra encolha.
Já no mês de junho, essa avaliação era compartilhada por 47% da população do Nordeste. Nesse contexto, o levantamento, realizado entre os dias 2 e 7 de setembro pelo IPESPE em todo o país, foi agregado ao Observatório FEBRABAN e à FEBRABAN News, criados em 2020, com o objetivo de estreitar o diálogo do setor bancário com os brasileiros.