Lançada em meio à turbulência da pandemia de COVID-19, a cédula de R$ 200 foi apresentada como uma solução para atender à crescente demanda por numerário em espécie. No entanto, desde sua estreia em setembro de 2020, esta nota tem enfrentado um destino peculiar, tornando-se tão escassa quanto o lobo-guará, a espécie ameaçada de extinção que a ornamentava. Apesar de sua introdução relativamente recente, a nota de R$ 200 já se encontra em uma situação de raridade.
A Escassez em Números
De acordo com as estatísticas divulgadas pelo Banco Central (BC), em 1º de agosto de 2023, havia apenas 144,74 milhões de notas de R$ 200 em circulação em todo o país. Surpreendentemente, este número é inferior aos 148,63 milhões de notas de R$ 1 que ainda permanecem em uso, mesmo após 20 anos de sua retirada oficial em 2004. Em comparação com o total de 7,67 bilhões de cédulas em circulação, a quantidade de notas de R$ 200 representa apenas 1,9% desse montante.
Uma Tiragem Inicial Subutilizada
Quando lançada, a tiragem inicial da cédula de R$ 200 foi de 450 milhões de unidades. No entanto, até o momento, apenas 32% desse total foi efetivamente colocado em circulação. Essa baixa utilização contrasta com a necessidade que motivou seu lançamento durante a pandemia, quando se esperava que a nova nota auxiliasse no atendimento da demanda por numerário em espécie e no pagamento do auxílio emergencial.
O Custo de Produção Mais Alto
Apesar de sua baixa circulação, a cédula de R$ 200 detém o título de ser a mais cara de todas as notas em produção. Com um custo estimado de R$ 325 por milheiro, o Banco Central desembolsou cerca de R$ 146 milhões para a produção das 450 milhões de unidades iniciais. A segunda cédula mais cara é a de R$ 20, com um custo de R$ 309 por milheiro em 2020.
O Futuro da Cédula de R$ 200
Embora a cédula de R$ 200 tenha enfrentado desafios em sua adoção inicial, o Banco Central permanece confiante em seu gradual aumento de utilização. A instituição afirma que o ritmo de circulação da nova nota está evoluindo conforme o esperado, e que seu papel como autoridade monetária é garantir o atendimento à demanda da população por papel-moeda.
A Ascensão do PIX e seu Impacto
Coincidindo com o lançamento da cédula de R$ 200, o sistema de pagamentos instantâneos PIX foi introduzido em novembro de 2020, oferecendo uma alternativa conveniente e sem custos para transferências eletrônicas. Ao longo de 2023, o PIX concentrou 39% das transações financeiras no país, registrando um crescimento de 75% em relação ao ano anterior. Essa popularidade crescente do PIX pode ter contribuído para a menor necessidade de circulação de cédulas de alto valor, como a nota de R$ 200.
A Preservação do Numerário
Apesar da baixa circulação da cédula de R$ 200, o Banco Central garante que não há validade para as cédulas em estoque. As notas consideradas inadequadas devido ao desgaste de uso são destruídas após retornarem à instituição. Para o ano de 2023, está previsto um orçamento de R$ 142 milhões destinado ao “acondicionamento e guarda de numerário”, englobando não apenas a cédula de R$ 200, mas todas as outras notas e moedas em circulação.
A Evolução da Família do Real
A cédula de R$ 200 representa a sétima adição à família de notas do Real, sendo a primeira cédula de um novo valor lançada em 18 anos, desde a introdução da nota de R$ 20 em 2002. Anteriormente, em 2001, a nota de R$ 2 havia sido lançada, enquanto a cédula de R$ 1 foi descontinuada em 2005.
Embora a adoção de soluções digitais como o PIX esteja em ascensão, a demanda por numerário em espécie ainda persiste. O Banco Central reconhece a importância de atender a essa necessidade, garantindo a disponibilidade de cédulas e moedas para a população. A cédula de R$ 200, apesar de seus desafios iniciais, pode eventualmente encontrar seu lugar na circulação, coexistindo com as opções digitais e atendendo às preferências individuais dos brasileiros.