O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebe nesta quarta-feira (18) representantes de dezenas de centrais sindicais do país. A reunião servirá como uma espécie de debate interno sobre o futuro do salário mínimo este ano. Atualmente o valor está em R$ 1.302, mas pode ser elevado para R$ 1.320.
Nesta semana, Lula está realizando uma série de reuniões sobre o tema. Nos últimos dias, ele se encontrou com o Ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT) e com o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galipolo. Ele vem ouvindo diferentes opiniões sobre o que fazer com a definição do salário mínimo.
“Foram 4 anos em que trabalhadores não eram ouvidos pelo governo federal. Vamos voltar a dialogar com todos para pensar as transformações no mundo do trabalho e uma vida melhor para o povo”, postou Lula em suas redes sociais. A reunião com os sindicalistas deve acontecer no Palácio do Planalto, às 11h.
Em entrevista nesta semana, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) disse que uma decisão final sobre o tema será tomada por Lula. De todo modo, Haddad deve ser uma peça chave em toda esta discussão. Ele deverá debater o tema com o presidente assim que voltar de viagem de Davos, na Suíça.
Informações de bastidores indicam que a reunião desta quarta-feira (18) com centrais sindicais não será decisiva para a definição do salário mínimo este ano. Em entrevistas, representantes adiantaram que devem pedir a Lula a criação de um projeto de valorização do salário mínimo para os próximos anos.
Segundo informações do jornal O Estado de São Paulo, o presidente estaria avaliando a possibilidade de elevar o salário mínimo para R$ 1.320 e usar como garantia o plano apresentado por Haddad na última semana.
Este plano de economia prevê uma redução de R$ 50 bilhões nos gastos públicos. A ideia que está sendo ventilada é justamente pegar parte desta economia para acomodar o novo salário mínimo.
Seja como for, Lula também vem ouvindo que esta manobra pode ter seus riscos, já que ao elevar o salário mínimo para R$ 1.320, o Governo poderia arriscar e ter a possibilidade de quebrar o teto de gastos públicos este ano.
Em entrevista ao Estadão nesta semana, a Ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB) disse que hoje o Governo não conta com espaço no orçamento para bancar o salário mínimo de R$ 1.320.
“Nós havíamos deixado no Congresso um espaço fiscal de R$ 6,8 bilhões para o reajuste para R$ 1.320. O que aconteceu é que no final do ano pessoas que estavam na fila do INSS foram incorporadas. Hoje, há recurso para R$ 1.302”, disse a Ministra na entrevista quando perguntada sobre o reajuste do salário mínimo.
“Se houver uma decisão política do presidente Lula que vai se chegar a R$ 1.320, que nenhum momento foi dito pela equipe econômica – foi anunciado por outros membros–, óbvio que vai ter de ter remanejamento. Vai ter de se tirar de algum lugar, porque estamos no limite do teto de gastos”, disse ela na entrevista.