De acordo com pesquisa do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo deveria ser maior. Atualmente, o piso brasileiro é um dos maiores da América Latina.
Desse modo, o valor necessário para prover o sustento de uma família composta por dois adultos e duas crianças deveria ser de R$ 5.997,14 durante o mês de janeiro de 2022. Isto é, uma quantia de quase cinco vezes maior do que o valor pago aos trabalhadores atualmente, R$ 1.212.
Nesse sentido, a cada mês, o departamento realiza uma análise para mensurar qual seria o valor do salário mínimo ideal a fim de suprir as despesas de um trabalhador e de sua família.
“O trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em janeiro de 2022, mais da metade (55,20%) do rendimento para adquirir os produtos alimentícios básicos, mesmo com o reajuste de 10,18% dado ao salário mínimo”, frisou o instituto.
Durante o fim do ano passado, a quantia ficou em R$ 5.800,98, considerando o valor mais alto da cesta básica brasileira. Portanto, o valor de janeiro representa um aumento de 3,4% ao valor de dezembro de 2021.
Então, segundo o Dieese, a razão da elevação do valor se deu por meio do aumento dos preços de alimentos básicos em 16 capitais do país.
Os maiores aumentos vistos foram nas seguintes cidades:
Além disso, São Paulo foi a cidade na qual a cesta básica apresentou maior custo, possuindo valor total de R$ 713,86. Logo atrás da capital, então, se encontram as cidades de:
Por exemplo, na cidade de São Paulo, 10 produtos tiveram alta de preço na virada de 2021 para 2022:
Portanto, os produtos mais necessários à família brasileira contaram com grandes altas em seus preços, de forma que o salário mínimo deve acompanhar.
Além de um salário mínimo menor do que o necessário, recentemente, os trabalhadores também enfrentam outros problemas no mercado de trabalho.
Nesse sentido, atualmente, o processo de recuperação dos postos de trabalho vem se mostrando cada vez mais concentrada para cargos com valores menores.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, portanto, pelo sexto mês seguido o salário médio real se apresentou em queda, da mesma forma que o rendimento mensal médio mensurado pela Pnad.
Isso significa, então, que a quantia que o trabalhador tem em mãos paga cada vez menos produtos e serviços.
Ademais, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, houve uma diminuição de 8% na quantidade total de cargos com rendimentos superiores a dois salários mínimos.
Assim, é possível ver uma classe trabalhadora que recebe cada vez menos no Brasil.
De acordo com especialistas, isso ocorre em razão dos impactos da pandemia da Covid-19, em conjunto de medidas e políticas econômicas.
Segundo um levantamento do Ministério do Trabalho e Previdência durante o ano de 2021, os cargos com os maiores salários no país estão no setor bancário.
Ademais, as menores remunerações do país são as de gandula e psicólogo acupunturista.
Os dados foram obtidos por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Assim, o cadastro conta com números do mercado de trabalho formal. Durante o ano passado, então, cerca de 2,73 milhões vagas de empregos foram ofertadas no Brasil.
O salário médio, considerando todos os cargos disponíveis, foi de cerca de R$ 1.921. No entanto, em alguns casos pontuais os empregadores pagam um salário maior do que a média de admissão nacional.
Em 2021, o cargo com o maior salário médio no momento da admissão foi o de diretor de crédito, chegando a R$ 37.137,38 mensais.
Logo em seguida, está o cargo de diretor de riscos de mercado, com uma remuneração de R$ 34.718,47 e diretor de produtos bancários, recebendo R$ 34.385,11.
Em contrapartida, a pasta responsável pela organização da pesquisa relatou que os menores salários identificados foram para os cargos de:
Além disso, no ano de 2021, a atividade que gerou mais postos de emprego com carteira assinada foi a de faxineiro, com 142.016 novos postos de trabalho. Este cargo, então, tinha como salário médio a quantia de R$ 1.336,70.
Recentemente, o Governo Federal lançou o Programa Nacional do Serviço Civil Voluntário.
A medida, então, possui o objetivo de fomentar o mercado de trabalho, ao conceder cursos capacitação profissional e um benefício financeiro, em troca de serviço nos setores públicos.
Desse modo, poderão participar:
Estes participantes irão executar funções por 22 horas semanais além de participar de 12 horas do curso de qualificação. Assim, poderão receber a quantia de R$ 551 mensal.
No entanto, o programa recebeu críticas de opositores. Nesse sentido, os críticos indicam que a medida não está de acordo com direitos da Constituição Federal brasileira. Para estes, não é possível que os cidadãos exerçam trabalho sem receber seus direitos trabalhistas, como um salário mínimo, mesmo que seja proporcional à jornada, além de férias e décimo terceiro, por exemplo.
É linha que segue parlamentares do PT, que pretendem acionar o Supremo Tribunal Federal (STF), caso este programa prossiga.
Assim, estes se manifestaram da seguinte maneira:
“A MP cria uma modalidade de precarização na exploração da força de trabalho das pessoas jovens e as maiores de 50 anos desempregadas, todas com maior vulnerabilidade social e econômica. Ressalte-se ainda que, de maneira afrontosa, a edição ocorreu no dia nacional do Combate ao Trabalho Escravo, soando como provocação às diversas entidades e organizações de trabalhadores e trabalhadoras e à luta social contra a precarização no trabalho.”