De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio mensal domiciliar per capita caiu 6,9% em 2021. Desse modo, a renda familiar passou de R$ 1.454 em 2020 para R$ 1.353. Segundo informações disponibilizadas pelo instituto, esse é o menor nível em 10 anos.
O levantamento ainda constatou que apesar da renda ter diminuído, a queda foi mais acentuada entre as famílias com menor rendimento. Nesse sentido, entre os 5% com a renda mais baixa (R$ 39), o recuo foi de 33,9%. Já os cidadãos com renda entre 5% a 10% (R$ 148), o rendimento caiu 31,8%.
Vale mencionar que 1% da população com maior renda (R$ 15.940), teve um recuo de 6,4%. “Ou seja, em 2021, o 1% da população brasileira com renda mais alta teve rendimento 38,4 vezes maior que a média dos 50% com as menores remunerações”, diz a pesquisa.
Dados por regiões do Brasil
A pesquisa divulgada pelo IBGE também destacou que as regiões Norte (R$ 871) e Nordeste registraram os menores valores (R$ 843). Em contrapartida, o Sul (R$ 1.656) e o Sudeste (1.645) apresentam os maiores rendimentos.
“Esse resultado é explicado pela queda do rendimento médio do trabalho, que retraiu mesmo com o nível de ocupação começando a se recuperar, e também pela diminuição da renda das outras fontes, exceto as do aluguel”, disse em nota Alessandra Scalioni, analista da pesquisa.
Outra informação constatada pela pesquisa é que a desigualdade voltou a crescer. Em 2019 havia certa estabilidade e no ano de 2020, houve uma queda no indicador. Vale informar que todas as regiões do país apresentaram piora entre 2020 e 2021, principalmente as regiões Norte e Nordeste.
“São regiões onde o recebimento do auxílio-emergencial atingiu maior proporção de domicílios durante a pandemia e que, por isso, podem ter sido mais afetadas com as mudanças no programa ocorridas em 2021”, explica a especialista do IBGE.
De acordo com o IBGE, a Região Nordeste se manteve com o maior índice de Gini no ano de 2021 (0,556), enquanto a Região Sul apresentou o menor (0,462). Quanto maior o Gini, maior a desigualdade social da região.
O fim do Auxílio Emergencial
Como citado pela especialista, a mudança nos critérios de concessão do auxílio emergencial no ano de 2021 foi uma das principais causas para a queda no rendimento das famílias brasileiras.
Em 2020, o programa assistencial beneficiou aproximadamente 68 milhões de brasileiros, no entanto, com a alteração das regras houve uma redução de cerca de 30% dos beneficiados. Além disso, o valor do auxílio emergencial também diminuiu, em 2020, o benefício variava de R$ 600 a R$ 1200. Já em 2021, o valor máximo do auxílio era de R$ 375.
Além da diminuição da renda, outro fator que vem prejudicando os brasileiros é o cenário econômico do país. De acordo com o IBGE, ao longo dos 12 meses de 2021 o acúmulo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 10,06%. A alta na inflação vem sendo sentida em diversas áreas, inclusive em produtos da cesta básica.