O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta segunda-feira (27), que o projeto-piloto do real digital, futura moeda virtual oficial do Brasil, vai começar em março.
Segundo Neto, a ideia é que a moeda possa estar funcionando para o público até o fim de 2024.
“Em termos de próximos passos, no mês que vem, a gente vai ter o piloto funcionando, então no mês que vem a gente já vai ter um piloto da moeda digital, o Brasil vai ser um dos primeiros países do mundo a fazer isso”, afirmou.
Real Digital é uma resposta
A criação da nova versão do real trata-se de uma resposta incisiva dos bancos centrais à atuação dos emissores de criptomoedas, como o Bitcoin e o Ethereum. A ideia é que a medida funcione como um “Pix inteligente”. O real digital poderá ser utilizado em operações de pagamentos, transferências, investimentos, câmbio e formação de reservas de valor.
Funcionamento previsto para 2024
“A medida em que a gente vai tendo segurança, a ideia é ter alguma coisa funcionando no máximo no final de 2024”, completou. O projeto está sendo desenvolvido pelo Banco Central em parceria com outras instituições.
O presidente do BC explicou ainda que a moeda digital vai ser uma extensão do dinheiro que hoje é utilizado pelas pessoas.
“Basicamente, pegar um depósito, bloquear ele e emitir um token em cima daquele depósito”, resumiu.
Entre os benefícios do real digital em comparação com a moeda física, estão: menor custo de intermediação, maior eficiência, maior inclusão digital e a possibilidade de monetização, disse Campos Neto concluindo que não será necessário fazer uma nova regulamentação para lançar a moeda digital no país.
“Se ela é um depósito tokenizado, ela herda toda a regulação do depósito. Isso significa muito, imagina fazer uma nova regulamentação inteira”.
Como será o real digital
Segundo o Banco Central, o real digital:
- será emitido pelo BC, como uma extensão da moeda física, com a distribuição ao público intermediada pelos bancos e instituições de pagamento;
- a custódia ficará no Banco Central;
- poderá ser trocado pelo real tradicional (em notas), e vice-versa;
- cotação frente a outras moedas também será a mesma;
- não será permitido que os bancos emprestem a terceiros esses recursos, como acontece atualmente com o real físico, e depois os devolva aos clientes;
- não haverá remuneração, ou seja, os recursos não terão uma correção automática;
- haverá uma garantia da segurança jurídica, cibernética e de privacidade nas operações.
Extensão da moeda física
No ano de 2021, o Banco Central anunciou o desenvolvimento do Real Digital, uma moeda digital que irá funcionar como uma extensão da moeda física. Diferentemente das criptomoedas, o Real Digital será garantido pelo BC e poderá ser utilizado para contratos inteligentes e pagamento em outros países.
Roberto Campos Neto pontuou que o Brasil será um dos primeiros países a contar com a moeda virtual. O objetivo do projeto-piloto do Real Digital é conseguir corrigir erros e garantir mais segurança para só então colocar a moeda em funcionamento em 2024.