Reajuste salarial ficou abaixo da inflação em julho, diz pesquisa
De acordo com o boletim mensal Salariômetro – Mercado de Trabalho e Negociações Coletivas da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o reajuste salarial ficou abaixo do INPC em julho. Os dados informam que 70,3% das negociações entre empregadores e funcionários estão abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor.
A FIPE ainda informou que a proporção de reajustes salariais iguais ao INPC foi de 4,4%, enquanto as negociações para cima do índice foi de 25,3%. O boletim também divulgou que o piso salarial mediano foi de R$ 1.441 e o piso médio foi de R$ 1.476 em julho de 2022. Vale informar que no mês de julho houveram 70 acordos e 21 convenções.
Segundo os dados divulgados pelo informativo, em junho de 2022 41,3% dos reajustes salariais ficaram acima do INPC, a maior proporção dos últimos 12 meses. Nesse período o reajuste médio ficou igual ao índice acumulado.
Trabalhadores estão abrindo mão de benefícios para garantir reajuste salarial
Recentemente, um estudo divulgado pela FIPE indicou que os trabalhadores brasileiros estão abrindo mão de benefícios trabalhistas para garantir reajuste salarial. Essa decisão vem ocorrendo para que a remuneração consiga repor, ao menos, a inflação no país.
De acordo com o instituto, em 2022 alguns benefícios como: Participação nos Lucros e Resultados, abonos (por aposentadoria e assiduidade), plano de saúde, odontológico e auxílio creche estão sendo excluídos das negociações. Vale pontuar que os vales refeição e alimentação também não tiveram reajustes entre os anos de 2021 e 2022, apesar dos gastos com alimentação continuarem aumentando.
Para Hélio Zylberstajn, professor sênior da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Salariômetro, os trabalhadores enxergam a retirada desses benefícios como uma alternativa para garantir salários um pouco melhores. “A presença dos adicionais diminuiu em 2022. Houve uma redução generalizada não no valor, mas na presença [desses benefícios]”, disse.
Zylberstajn ainda pontuou que por conta da inflação e dos altos índices de desemprego no Brasil, o poder de negociação dos trabalhadores está comprometido. “Como o poder de barganha dos trabalhadores não está forte, porque a inflação ainda é muito alta, não tem como pressionar. Para garantir a inflação, tem que abrir mão de alguma coisa”, explicou.
Veja a diminuição de benefícios trabalhistas
Como já dito anteriormente, os brasileiros vêm abrindo mão de benefícios trabalhistas com o intuito de obterem um reajuste salarial que consiga suprir as necessidades ocasionadas pela inflação. Veja a comparação entre negociações coletivas de 2021 e 2022:
Benefícios | 2021 | 2022 |
Participação nos Lucros e Resultados | 25,04 | 20,05 |
Adicional de hora extra | 49,3 | 48,3 |
Abono por aposentadoria | 9 | 6,7 |
Abono assiduidade | 0,9 | 0,7 |
Abono por tempo de serviço | 8,1 | 1 |
Plano de saúde | 20,7 | 15,5 |
Plano odontológico | 11,7 | 6,9 |
Auxílio-creche | 19,9 | 18,2 |
Seguro de vida | 27,1 | 24,6 |
Apesar da inflação estar indicando queda, o professor Zylberstajn afirma que é necessário aguardar os números de desemprego no primeiro semestre do ano para analisar se o mercado de trabalho está se recuperando. Até o momento, o que pode-se concluir é que mesmo com a diminuição de benefícios, o reajuste salarial de julho permanece abaixo da inflação.