O Queijo Cabacinha, um produto exclusivo de Minas Gerais e importante na economia e cultura do estado, recebeu um título significativo no início de julho: foi declarado patrimônio cultural e imaterial do estado. O Governador Romeu Zema realizou o decreto da lei nº 24.379, colocando em foco a valorização de bens e expressões culturais representativas da sociedade mineira.
A tradicional iguaria é produzida por cerca de 160 famílias, espalhadas em sete municípios da região do Vale do Jequitinhonha. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) estimou este número, destacando a relevância da produção deste queijo na região.
Queijo Cabacinha: uma tradição familiar em Minas Gerais
A produção de Queijo Cabacinha não é apenas um trabalho, mas também uma tradição que passa de geração em geração. A história de Itamar Mauricio Gomes é um exemplo disso. Morador do município de Medina, a 660 km de Belo Horizonte, Itamar aprendeu com os pais a arte da produção de queijo. Segundo ele, a produção da iguaria tornou-se uma atividade familiar que agora inclui ele, seu pai e mais quatro irmãos.
A elaboração do Queijo Cabacinha requer cuidado e atenção aos detalhes. É feito exclusivamente com leite cru de vaca, passando por um processo de fermentação de 12 a 24 horas. A modelagem é feita manualmente, com imersão em água quente. O último passo é o período de maturação, durante o qual o queijo é pendurado para secar.
Reconhecimento e futuras expectativas
Para alcançar o reconhecimento como patrimônio cultural, vários órgãos estiveram e continuam envolvidos no processo. A Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais, a Emater-MG, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) estão executando um protocolo que visa consolidar a identidade do Queijo Cabacinha.
Além disso, a Epamig, juntamente com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), está realizando pesquisas para definir a caracterização deste queijo. Também estão em andamento estudos sobre o consumo seguro do produto.
Atualmente, os processos de fabricação estão sendo monitorados, análises sensoriais estão sendo realizadas e entrevistas com mestres queijeiros e comerciantes estão sendo conduzidas. A partir deste mês, os técnicos da Emater-MG coletarão amostras da água, do soro-fermento, da massa fermentada e filada e do queijo em ao menos 30 queijarias.
Com a conclusão do estudo e sua subsequente publicação, o IMA será responsável por elaborar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade do Queijo Cabacinha. Este documento definirá a identidade do produto e estabelecerá os requisitos mínimos de qualidade que o queijo deve atender.
O reconhecimento do Queijo Cabacinha como patrimônio cultural e imaterial não é apenas uma vitória para os produtores, mas também uma celebração da rica cultura e tradição mineira. Isso traz uma nova luz à região do Vale do Jequitinhonha e a todos que fazem parte do ciclo de produção desta deliciosa iguaria.