A primeira edição da Prova Nacional Docente (PND), popularmente conhecida como CNU dos professores, foi aplicada em todo o Brasil no último domingo, 26. Considerada um marco para a seleção de professores, a avaliação prometia inovação no recrutamento de profissionais da educação. Contudo, o que deveria ser uma experiência organizada e igualitária acabou gerando reclamações de candidatos, que relataram diferentes falhas na infraestrutura básica e na aplicação do exame.
As falhas chamaram atenção não só dos candidatos, mas também das autoridades e de quem acompanha discussões sobre concursos públicos e educação, despertando questionamentos sobre os impactos dessas irregularidades e os próximos passos diante das reclamações dos inscritos.
Relatos de irregularidades na aplicação da PND
Falta de carteiras desafia candidatos no Maranhão
Em São Luís, mais de 60 inscritos foram surpreendidos ao não encontrarem carteiras disponíveis no Instituto Estadual de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IEMA). Por orientação da organização, esses candidatos foram direcionados à biblioteca, aguardando uma solução da Fundação Getulio Vargas (FGV), responsável pela execução da prova.
Mesmo com o envio de uma van para levá-los a outro prédio, muitos consideraram a alternativa inviável para o contexto e para a expectativa gerada pelo exame.
Em Timon, a falta de carteiras também atrapalhou a rotina dos candidatos. Em busca de formalizar sua insatisfação, muitos foram à delegacia da cidade registrar boletim de ocorrência e exigir que uma nova data para a prova fosse marcada, destacando o impacto direto na isonomia do processo seletivo.
Responsabilidade e resposta dos órgãos organizadores
A secretária de Educação de Timon, Isadora Rodrigues, esclareceu em entrevista que a responsabilidade de disponibilização da escola cabia ao município, mas a distribuição dos inscritos era competência da FGV. Segundo ela, “a banca previu um número de faltas superior ao real, e acabou colocando mais pessoas do que a capacidade estrutural permitia”.
Em escala nacional, a prova nacional contou com mais de 1 milhão de inscritos. O número específico de comparecimentos e faltas, entretanto, ainda não foi divulgado pelos organizadores.

Casos semelhantes em outras regiões do país
Instabilidade e improviso em São Paulo
Candidatos da capital paulista relataram as mesmas dificuldades. Uma professora destacou que, ao chegar ao local indicado, não havia carteiras suficientes. Muitos foram realocados para ambientes como refeitórios e salas de informática, sentados lado a lado ou de frente uns para os outros, comprometendo o sigilo e a equidade do exame. O início da prova também foi desigual: em alguns casos, só foi possível começar após o horário previsto, acentuando ainda mais a sensação de desorganização.
Além dos problemas logísticos, a densidade do conteúdo das questões também foi ponto de crítica. Participantes consideraram a quantidade de itens e o tamanho dos textos excessivos para o tempo disponível, tornando o exame exaustivo e dificultando a concentração.
Ações e cobranças por providências
Candidatos afetados acompanharam as manifestações de entidades como o Inep e imprensa especializada, que solicitaram respostas da FGV quanto às soluções para os problemas relatados.
Muitos aguardam decisões sobre possíveis novas datas ou procedimentos para contemplar quem foi prejudicado, assim como esclarecimentos sobre a correção das provas aplicadas em condições adversas.
Estrutura e conteúdo da Prova Nacional Docente
Formato e detalhes das avaliações
A prova foi composta por bloco de Formação Geral Docente, comum a todas as áreas, e por questões específicas relativas a cada campo de licenciatura. Na parte geral, os candidatos responderam a 30 questões de múltipla escolha e uma discursiva, cujo tema foi o “idadismo”, tratado como desafio social e educacional no Brasil.
Já na seção específica, foram 50 questões que abordavam situações-problema e estudos de caso orientados pela área de interesse do participante.
Calendário oficial e recursos
- Gabarito preliminar e padrão de resposta: 28 de outubro;
- Recurso da versão preliminar do gabarito e do padrão de resposta da questão discursiva: 28 a 29 de outubro;
- Resultado do recurso da versão preliminar do gabarito e do padrão de resposta da questão discursiva: 10 de novembro;
- Gabarito definitivo e padrão de resposta da questão discursiva: 11 de novembro;
- Divulgação da correção preliminar da resposta da questão discursiva: 25 de novembro;
- Recurso da correção da resposta da questão discursiva: 25 a 26 de novembro; e
- Resultado final: 10 de dezembro.
O acompanhamento dessas etapas pode ser realizado pelo Sistema PND.
CNU dos professores: o que muda a partir da PND
Diferentemente de um concurso público tradicional, a PND não garante vaga direta, mas serve como referência para preenchimento de cargos, complementando editais e servindo de base para processos seletivos estaduais e municipais.
Em 2025, aderiram à proposta 22 estados e mais de 1.500 municípios. Cada órgão utilizará a nota da PND conforme sua política: alguns como etapa única, outros associada a provas práticas ou de títulos. Para participar, o professor interessado deve ficar atento à publicação de editais normativos locais.
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