Professores da Uninove (Universidade Nove de Julho), em São Paulo, tiveram uma surpresa desagradável na manhã da última segunda-feira (22), quando receberam uma mensagem de demissão publicada na plataforma on-line utilizada para dar aulas remotamente. O aviso dizia, de forma impessoal, que o docente estava dispensado “de prestar serviço a esta empresa sem obrigatoriedade inclusive do cumprimento do aviso prévio previsto em lei”.
O Estadão teve acesso à notificação que foi reproduzida nas redes sociais e muito criticada por usuários, inclusive estudantes da própria instituição. No texto, a universidade pede que os professores compareçam à unidade Vergueiro da universidade, na zona sul paulistana, para devolver crachá, cartão de acesso, do estacionamento e carteirinha do plano de saúde, bem como para dar baixa na carteira de trabalho.
Na terça-feira (23), o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP), informou que protocolou no Tribunal Regional do Trabalho um dissídio coletivo que pede a anulação, em caráter liminar, das demissões. Ainda não se sabe o número exato de profissionais dispensados, mas professores e estudantes estimam de 300 a 500. Um professor que não quis se identificar disse que funcionários da secretaria e equipe administrativa do ensino à distância haviam sido demitidos antes dos docentes.
“Apesar de ter sido facilitada pela reforma trabalhista de 2017, a demissão em massa, como a que a Uninove acabou de promover, tem enorme impacto social. O fato de ela ocorrer em meio à pandemia e de a mantenedora não ter manifestado nenhuma intenção de negociar ou amenizar o problema, agrava ainda mais a situação”, diz o Sinpro-SP.
Há dois anos e meio na instituição, uma professora que falou ao Estadão sob condição de anonimato relatou que a primeira coisa que apareceu na tela do computador quando acessou o ambiente virtual de aula foi o informativo, em formato de pop-up. “Totalmente impessoal, chamando de ‘prezado professor’, não nominal. O que foi mais chocante, que mexe com o sentimento, é a primeira linha que diz que a partir de 22 de junho não presta mais serviço à instituição. Nunca prestei um serviço. Eu era uma colaboradora, fazia com que a instituição funcionasse, educava jovens.”
Procurada pelo Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a Uninove não se pronunciou até a publicação da reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Palestra motivacional
O Estado de S. Paulo também informou em outra matéria que, em meio à demissão de professores, a instituição colocou uma palestra motivacional com o Padre Fábio de Melo para os estudantes assistirem. Muitos reclamaram nas redes sociais que a palestra foi ao ar no mesmo horário de aulas on-line canceladas em decorrência da demissão dos professores.