Presidente do Banco Central diz que a discussão sobre os juros é um teste para a autonomia do órgão (Entenda!)
O Presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (17/08), que o órgão passa atualmente por um grande teste relacionado a sua independência frente ao Governo Federal. A princípio, há um embate entre o Palácio do Planalto e a instituição sobre as decisões relativas à taxa de juros.
Todavia, é o Banco Central, através do Comitê de Política Monetária (Copom), o responsável por fixar a taxa básica anual de juros da economia nacional, Selic. Normalmente o índice é utilizado como uma ferramenta para combater a pressão inflacionária no país. No entanto, o remédio muitas vezes pode ser bem amargo.
Analogamente, um aumento da taxa Selic também traz como consequência, uma redução do desenvolvimento econômico do país, visto que o crédito aos cidadãos fica mais caro, e há uma perda em seu poder de compra. Por essas e outras razões, o presidente Lula vem criticando a atuação do Banco Central e os juros anuais.
Desse modo, Roberto Campos Neto diz que sua atuação junto ao Banco Central vem sendo testada, ou seja, a autonomia da instituição deve prevalecer, independente das críticas recebidas pelo Governo Federal. Vale ressaltar que em julho de 2023, os primeiros diretores indicados por Lula tomaram posse no órgão.
Independência do Banco Central
É importante salientar que o presidente atual do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi indicado ainda no governo passado, no mandato de Jair Bolsonaro. Sendo assim, há mais essa razão para que ele receba críticas da equipe de Lula. Aliás, ele segue firme em sua proposta de combater a alta da inflação no país.
Roberto Campos Neto diz ainda que o cenário atual é de troca de diretores da instituição. Nesse sentido, como serão os primeiros indicados pelo presidente Lula, espera-se que o Banco Central atue norteado pelas decisões do Palácio do Planalto. Há neste momento um embate sobre qual seria a taxa Selic mais adequada.
Segundo o presidente do Banco Central, sobre o tema, “A gente está passando pelo primeiro grande teste da economia, um ambiente onde o país é polarizado. E a gente está em um processo que vai trocando dois diretores ao ano, e que, às vezes, têm vertentes de pensamentos novos, e que incorporam ao debate“.
Analogamente, Roberto Campos Neto afirma que esse processo está aos poucos sendo amadurecido, e que tem aprendido bastante em relação aos debates de ideias contrárias, principalmente na parte de comunicação. Deve-se observar que o Copom, no início do mês de agosto reduziu a taxa Selic para 13,25% ao ano.
O Banco Central e a taxa Selic
A decisão de reduzir a taxa de juros em 0,50% teve a aprovação da maioria dos integrantes do Copom. Convém mencionar que Roberto Campos Neto foi quem desempatou o parecer, para que houvesse uma redução da Selic. Os dois novos diretores indicados por Lula, do Banco Central são Gabriel Galípolo e Ailton Santos.
Os diretores participaram da reunião do Copom e votaram por uma redução ainda maior da taxa básica de juros. Vale ressaltar que esse foi o primeiro corte da Selic em um período de três anos. O Banco Central teve espaço para essa alteração devido a uma inflação menor nos últimos meses, além de ter sido criticado por Lula.
Dessa maneira, o Banco Central procura definir a taxa Selic levando em consideração a alta dos preços. Atualmente a instituição procura tomar suas decisões de acordo com a meta de inflação para 2024 e também para o início de 2025. As alterações nos juros demoram de 6 a 18 meses para impactar a economia.
Reuniões do Copom sobre os juros
O Copom apresentou um comunicado no qual informou que pode nas próximas reuniões, seguir com o corte de juros, da mesma maneira que fez no início de agosto, de forma gradual, com uma certa moderação. Isso se o cenário de desinflação e as expectativas de que o índice de preços fique na meta, continue.
Em conclusão, o Banco Central avalia que esse é o ritmo certo relacionado à sua política monetária, que apresenta características contracionistas, com o objetivo final de conter a inflação no país. Com o presidente Lula e sua equipe criticando a atuação de Roberto Campos Neto, esse é um forte teste para a sua atuação.