O mercado sempre fica atento aos preços dos combustíveis comercializados pela Petrobras. Isso porque os valores praticados pela companhia influenciam diretamente na comercialização dos combustíveis no país.
De acordo com os dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), os preços da gasolina estavam 10% acima do mercado internacional na manhã desta segunda-feira (6). Esse percentual equivale a um corte de R$ 0,29 por litro.
Já o diesel estava sendo comercializado a valores ainda maiores no país, superando em 18% os preços praticados no exterior. Isso quer dizer que a Petrobras poderia promover um corte de R$ 0,68 por litro, em média, no valor do combustível.
Vale destacar que outras consultorias também revelaram que os preços praticados pela Petrobras estavam acima do mercado internacional.
Segundo a StoneX, a gasolina vendida pela Petrobras estava R$ 0,38 mais cara que o exterior. Por isso, a companhia poderia reduzir o valor em 11,6%. A consultoria também revelou que o diesel estava R$ 0,76 acima das cotações internacionais, o que daria espaço para uma redução de 16,8% nos preços do combustível.
Por sua vez, o Centro Brasileiro de Infraestrutura e Energia (CBIE) calculou que o diesel estava 14,14% acima dos preços internacionais, enquanto a gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras estava 8,86% mais cara que o exterior.
Todos estes dados mostram que tanto a gasolina quanto o diesel estão mais caros no país, em comparação ao mercado internacional. E esse fato é muito importante, pois a Petrobras se baseia nos preços do exterior para definir os reajustes nos valores dos combustíveis.
Em resumo, a Petrobras busca a Paridade de Preço Internacional (PPI) para viabilizar a importação de combustíveis. Isso porque o Brasil tem outros importadores, e, quando a companhia pratica preços abaixo do mercado, torna inviável a importação de combustíveis.
Nos últimos meses de 2022, a Petrobras estava fazendo isso, vendendo combustíveis mais baratos que os preços praticados no exterior para distribuidoras e refinarias do país. Aliás, quando há defasagem nos preços, significa que a companhia está com valores menores que os praticados no mercado.
Esse cenário é muito ruim, pois as distribuidoras deixam de comprar combustíveis em outros importadores, já que os preços da Petrobras são mais baratos. E esses importadores reduzem as compras dos combustíveis, pois deixam de ser vantajosas para eles. O problema é que isso pode resultar na falta de gasolina e diesel para a população.
Por outro lado, quando acontece o contrário, e a Petrobras passa a vender combustíveis a valores acima do mercado internacional, as refinarias e distribuidoras repassam esses novos preços para a população. No fim, o consumidor acaba pagando mais caro para abastecer seus veículos nos postos do país.
Isso mostra que, de uma forma ou de outra, a Petrobras precisa ficar atenta para seguir a PPI. Caso contrário, alguma das partes envolvidas no processo, seja distribuidoras, seja consumidores, poderão sofrer com estas decisões.
No mês passado, a Petrobras elevou em 7,46% o preço do litro da gasolina no país. Com isso, o litro do combustível passou a ser comercializado a R$ 3,31 para as distribuidores. Aliás, isso representa um aumento de 23 centavos em relação ao valor anterior (R$ 3,08).
A Petrobras esclareceu que, do preço repassado ao consumidor, a sua parcela chegava a R$ 2,42 com esse aumento. Inclusive, esse valor informado pela companhia se refere ao combustível que tem mistura obrigatória de 73% de gasolina A e 27% de etanol anidro para a composição da gasolina comercializada nos postos.
Em síntese, a Petrobras continua seguindo os preços praticados no mercado externo, promovendo reajustes nos combustíveis quando há defasagem no país. No entanto, quando ocorre o contrário, e os valores estão mais elevados no Brasil, a estatal também promove reajustes, reduzindo os preços dos combustíveis.
Essa política de preços da Petrobras passou a ser adotada a partir de 2016. Em suma, ela se baseia no valor internacional do barril de petróleo e nas oscilações do dólar. Com posses desses dados, a estatal define o reajuste nos preços dos combustíveis.
Em 2023, tanto o barril de petróleo quanto o dólar estão acumulando leves quedas em seus preços. Ainda assim, a Petrobras decidiu elevar os valores dos combustíveis. No entanto, os novos levantamentos de consultorias revelam que os preços da gasolina e do diesel superam os do mercado internacional.
Nesse cenário, resta aos consumidores torcerem por um novo reajuste da Petrobras, dessa vez reduzindo o valor dos combustíveis.