A inflação da construção civil acelerou em junho de 2023. Isso quer dizer que os preços do setor tiveram uma variação maior que a registrada em maio, dificultando ainda mais a vida dos brasileiros que precisaram construir ou reformar.
Em junho deste ano, os preços da construção civil ficaram 0,85% mais caros que no mês anterior. A taxa acelerou em comparação com a oscilação observada em maio, quando os custos subiram 0,40%.
Esses dados compõem o Índice Nacional de Custo da Construção – M (INCC-M), medido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre) e divulgado nesta semana.
Com o acréscimo do resultado de junho, o setor passou a acumular uma inflação de 4,29% nos últimos 12 meses. A título de comparação, no acumulado de 12 meses até junho de 2022, os preços do setor haviam subido 11,75%, ou seja, os preços da construção estão subindo bem menos neste ano.
Preços dos materiais e equipamentos caem
O índice que mede a mão de obra acelerou em junho. Em resumo, a taxa do indicador passou de 0,75%, em maio, para 1,81% neste mês. Em outras palavras, os profissionais da construção civil cobraram mais caro pelo serviço neste mês, em comparação ao mês anterior.
Por outro lado, a inflação referente aos preços de materiais e equipamentos seguiu no campo negativo, com uma taxa ainda mais intensa. O indicador passou de -0,06% em maio para -0,15% em junho. Esse resultado aliviou um pouco os custos da construção no mês, mas não de maneira significativa.
Da mesma forma, a variação relacionada a serviços também desacelerou em junho, passando de 0,64% para 0,18%. Em síntese, os preços relacionados aos serviços vinham acelerando no país nos primeiros meses de 2023, mas as altas foram pouco expressivas, para alívio dos consumidores, e agora passaram a registrar decréscimo.
A saber, o FGV Ibre pesquisa os preços da construção em sete capitais brasileiras. A inflação do setor acelerou em três delas, e três locais tiveram taxas negativas, aliviando o bolso dos consumidores.
Veja abaixo a variação da inflação nas capitais em junho:
- Brasília: 1,94%;
- Recife: 1,47%;
- São Paulo: 1,35%;
- Rio de Janeiro: 0,09%;
- Porto Alegre -0,04%;
- Salvador: -0,10%;
- Belo Horizonte -0,14%.
No mês, os únicos locais que tiveram aceleração em suas taxas foram Brasília, Recife e São Paulo, cujos preços haviam variado 0,17%, 0,01% e 0,77%, respectivamente, no mês anterior.
Confiança da construção fica estável em junho
O FGV Ibre também divulgou dados do Índice de Confiança da Construção (ICST). Em suma, o indicador revela o grau de confiança dos empresários do setor. E, em junho, o resultado se manteve estável.
Desde abril de 2022 que os empresários da construção civil estavam se mostrando otimistas no país. No entanto, o pessimismo começou a ganhar força no final do ano passado, refletindo a falta de confiança do setor com a atividade econômica brasileira.
Conforme o levantamento, o ICST teve uma leve queda de 0,1 ponto em junho, para 93,9 pontos. A média móvel trimestral também ficou praticamente estável, recuando 0,2 ponto.
Para quem não sabe, o ICST mostra o grau de otimismo ou de pessimismo dos empresários do setor da construção civil do Brasil. Com o resultado de junho, o indicador continua em um nível que indica falta de confiança, mesmo que levemente.
A propósito, taxas acima de 100 pontos representam otimismo, enquanto taxas inferiores a 100 pontos correspondem a pessimismo. Isso quer dizer que os empresários da construção civil do país estão um pouco pessimistas, com o indicador abaixo de 100 pontos.
Segundo Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, a piora da perspectiva em relação aos próximos meses puxou o indicador de confiança para baixo. “A oscilação negativa da confiança em junho decorre da percepção negativa das empresas em relação à demanda dos próximos meses“, ponderou.
Expectativas para o futuro recuam no mês
De acordo com o levantamento, o ICST teve uma leve queda em junho devido à piora das expectativas para o futuro. Já o indicador sobre a situação atual se manteve estável em relação a maio.
Em síntese, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) continuou com 92,5 pontos, menor nível desde março de 2022 (92,0 pontos). Assim, o sentimento dos empresários sobre o presente continua refletindo leve pessimismo.
Por sua vez, o Índice de Expectativas (IE-CST) caiu 0,3 ponto, para 95,3 pontos, mantendo-se relativamente estável em relação a maio. Esse resultado levou o indicador ao menor patamar desde janeiro deste ano (92,2 pontos).
“No cômputo total, as empresas da construção chegam ao fim do primeiro semestre menos confiantes do que estavam em dezembro, deixando um sinal de alerta em relação à continuidade do ciclo recente de crescimento do setor“, observou Ana Maria Castelo.