De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), o preço do pão francês pode chegar a R$ 20 o quilo. Essa elevação se dá pelos efeitos do atual período de guerra na Ucrânia.
Segundo a associação, o aumento no preço do pão deve ocorrer quando as indústrias comprarem as novas safras. A Abimapi afirma que a disparada da cotação do trigo começa a ser sentida pelos fabricantes nas negociações com os fornecedores, mas ainda existe a entrega de farinha compromissadas em contratos antigos.
Ainda na nota divulgada pela associação, o economista e professor do Ibmec Gilberto Braga observa que os consumidores brasileiros já estão sofrendo os efeitos da guerra em relação ao preço dos itens relacionados ao trigo. Gilberto acrescenta que, com a continuidade do conflito marcado pela Ucrânia e a Rússia, é possível que os preços das commodities.
O motivo do aumento é que os dois países do leste europeu, juntos, são os maiores produtores de trigo, responsáveis por 29% do consumo mundial e o conflito afeta não só a produção, mas toda a logística de exportação.
Deste modo, como os portos estão fechados, o transporte está parado e, somado a isso, há sanções econômicas contra a Rússia. Com todos esses fatores, a demanda supera a oferta em escala global e, conforme as leis de mercado, quando isso acontece, o primeiro impacto é um aumento no preço de produtos.
“Embora ainda não tenha sido capturado nos indicadores de pesquisa oficiais, o consumidor percebe um aumento de, aproximadamente, 20% a 25% no preço do pão nas padarias e supermercados. Isso já sinaliza um aumento do preço do trigo na formulação do produto”, informa.
Braga também completa seu raciocínio dizendo que “a continuidade da guerra poderá decretar ainda um período de novos aumentos, mas é bastante provável que esse patamar mais caro continue, pelo menos até que se tenha uma previsão de quando o conflito da Ucrânia poderá terminar”.
Para critério de comparação, Gilberto avalia, ainda, o preço do quilo do pão localizado em padarias do Rio de Janeiro. Segundo o professor, antes da crise, o valor variava entre R$ 9 a R$ 12, mas agora o quilo está sendo vendido entre R$ 15 a R$ 20.
De acordo com a Associação, o Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades do grão de países como a Argentina, Canadá e os Estados Unidos. O aumento do preço do trigo, para a Associação, impacta diretamente os valores de produção para os fabricantes de produtos como biscoitos, massas e bolos.
A AbimapiI frisa também que, nas massas, em média, 70% do custo é de farinha, enquanto nos biscoitos, o peso é de 30%, e nos pães e bolos industrializados, de 60%.Gilberto Braga ressalta que, embora o Brasil não seja um comprador direto dos países em conflito, ele terá um gasto elevado com o grão devido à alta demanda do mercado.
“O Brasil importava muito pouco trigo da Rússia, mas ele precisa continuar comprando no mercado que deixou de ser estabelecido pela Rússia. Então, com esse fator, o preço se elevará e nós temos que pagar mais caro, o que influencia no preço de comercialização interna. Isso resvala no preço do pão, massas e tudo relacionado a essa commodity”, diz o economista.