Nas últimas semanas, os preços do chamado boi gordo caíram com força em todo o Brasil. O movimento ocorre por causa da virada no ciclo da pecuária. Agora, existe uma maior disponibilidade de animais para o abate. Mas isso não quer dizer que chamar os amigos para um churrasquinho em casa tenha se tornado uma tarefa mais barata.
Segundo os dados oficiais, esta queda nos valores ainda não chegou ao bolso dos consumidores brasileiros. Em estados como Mato Grosso e Pará, por exemplo, a cotação da arroba está até 30% menor do que a mesma época do ano passado. Esta queda não foi repassada ao consumidor final.
Em São Paulo, o preço da arroba caiu 17% em média, segundo um levantamento da Scot Consultoria. No estado mais populoso do Brasil, a queda no preço da carne vermelha para o consumidor final foi de apenas 2,5% em comparação com o mesmo período do ano passado.
De todo modo, parte deste mercado já admite que em algum momento, os frigoríficos terão que repassar a queda nos preços da carne vermelha para os consumidores finais. Há uma avaliação de que se os preços continuarem muito altos, as vendas no varejo serão insuficientes para escoar a nova oferta da carne, que tende a crescer cada vez mais.
Preços
Veja abaixo como ficam as variações dos preços das carnes considerando um cenário de uma cidade do interior do estado de São Paulo.
Preço da arroba do boi gordo (Em reais por arroba):
- 2021: R$ 303, 5;
- 2022: R$ 297,5;
- 2023: R$ 246,5.
Note que há uma queda considerável no valor do arroba do boi gordo no decorrer dos últimos dois anos.
Preço da carne bovina no atacado (Em reais por quilo):
- 2021: R$ 30,57;
- 2022: R$ 33,21;
- 2023: R$ 30,33.
Observe que a queda nos preços do boi gordo não teve impacto nos preços da carne bovina para quem compra no atacado.
Preço da carne bovina no varejo (Em reais por quilo):
- 2021: R$ 42;
- 2022: R$ 51,56;
- 2023: R$ 50,31.
Veja que a queda nos preços do boi gordo não teve impacto nos valores cobrados para a carne vermelha no varejo. Pelo contrário, o que se vê é um aumento nos valores de hoje em relação com o que se via há dois anos atrás.
Veja abaixo a situação dos diferentes tipos de carnes, também tomando como exemplo os frigoríficos do interior do estado de São Paulo.
Variação dos cortes no varejo em dois anos (período do início da nova fase de aumento da quantidade de bois:
- Filé Mignon com cordão: + 59,1% mais caro;
- Contra-filé: + 16,4% mais caro;
- Alcatra completa: + 27,9% mais caro;
- Músculo: – 2% mais barato;
- Acém: -0,6% mais barato;
- Costela: + 4% mais caro;
- Picanha: 27,8% mais caro.
Carne de boi
A queda nos preços da carne vermelha foi uma das principais promessas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado. Na ocasião, ele chegou a transformar a proposta em um mote de campanha, que foi usado pelos seus apoiadores.
“Quando é que o povo gosta? É quando eu falo: vamos voltar a reunir a família no domingo e nós vamos fazer um churrasquinho. E nós vamos comer uma fatia de picanha com uma gordurinha passada na farinha e tomar uma boa de uma cerveja gelada. Bicho, o povo entra em delírio”, disse o candidato Lula.
Contudo, o fato é que nem a queda no preço do boi, e nem a resistência dos frigoríficos em repassar a queda aos consumidores tem relação com ações do Governo Federal. De acordo com economistas, estas variações estão mais na conta da virada de época para os pecuaristas, que a partir de agora poderão vender mais bois.
A expectativa dos analistas é de que o preço da carne vermelha caia ainda mais no Brasil no decorrer dos próximos meses.