Português: Exemplos de onomatopeia
Tipo de figura de linguagem que reproduz sons para dar ênfase ao diálogo
Onomatopeia é classificada como uma figura de som, dentro das variações das figuras de linguagem. Normalmente é vista na literatura de quadrinhos (gibis), mas seu uso expande-se para a música, poema e diálogos informais. A maioria das onomatopeias usadas no Brasil é oriunda de expressões inglesas, embora a origem do nome derive do grego.
Uma onomatopeia busca imitar sons e ruídos como de objetos quebrando, interjeição, sons de animais, da natureza etc., cujo objetivo é dar expressão à construção do texto. Portanto, quando fala-se em onomatopeia significa usar os sons como base para dar sentido a um contexto.
A onomatopeia está presente no cotidiano além da escrita. Pode ser percebida na fala de crianças quando dizem “au au”; de alguém que diz “Aff!”, quando está entediado; quando alguém usa “hahaha” ou “kkkkk” para expressar gargalhada, dentre outros exemplos.
Classificações da onomatopeia
Uma onomatopeia pode ser pura ou vocalizada e ambos os tipos são conhecidos pelos brasileiros. Quando a onomatopeia imita algum som como “atchim” (espirro), “cof, cof” (tosse), “trim trim” (telefone), “tic-tac” (relógio) e “toc-toc” (batida na porta), diz-se que ela é uma onomatopeia pura. Ela não precisa ter, necessariamente, som idêntico ao fenômeno que representa, mas a sua expressão deve deixar clara a sua interpretação.
Já a onomatopeia vocalizada é a palavra que caracteriza um som e foi incorporada à gramática. Um exemplo é cacarejar, palavra que deriva do som emitido pela galinha.
Lista de onomatopeia
- Bii Bii – buzina
- Au au! – latido
- Atchim! – espirro
- Buáá! – choro
- Ha Ha Ha!– riso
- Cof, Cof – tosse
- Bang! – tiro
- Zzz! –alguém dormindo
- Buum! ou Kabuum- explosão
- Oops! – espanto; medo; surpresa
- Clap! – palmas
- Tic-tac! – relógio
- Toc, Toc – bater da porta
- Grrr! – grunhido
- Nhac! – mordida
- Crash! – batida
- Tchibum ou splash – queda em água / mergulho
- Snif, snif – barulho de fungadas de nariz, quando se está chorando.
- UHUUUL – grito de alegria
Onomatopeia na literatura brasileira
O poeta Vinícius de Moraes usou artifícios da onomatopeia em seu poema infantil “O Relógio”, que integra o livro de poemas infantis “A Arca de Noé”, lançado em 1970. Confira um trecho:
O Relógio
“Passa, tempo, tic-tac, Tic-tac, passa hora. Chega logo, tic-tac, tic-tac, e vai-te embora. Passa, tempo, bem depressa, não atrasa, não demora, que já estou muito cansado, já perdi toda a alegria de fazer meu ti-tac dia e noite, noite e dia. Tic-tac. Tic-tac. Tic-tac…”
(Autor: Vinícius de Moraes)
Agora, um exemplo de onomatopeia vocalizada, que é menos vista e mais difícil de identificar porque não apresenta sons escritos como na onomatopeia pura, mas essa também pode ser questão de prova de vestibular.
Vozes dos animais
Muge a vaca; berra o touro; grasna a rã; ruge o leão; o gato mia; uiva o lobo; também uiva e ladra o cão. Relincha o nobre cavalo; os elefantes dão urros; a tímida ovelha bale; zurrar é próprio dos burros. Sabem as aves ligeiras canto seu variar: fazem às vezes gorjeios, às vezes põem-se a chilrar. Bramam os tigres, as onças; pia, pia o pintinho; cucurica e canta o galo; late e gane o cachorrinho. A vitelinha dá berros; o cordeirinho, balidos; o macaquinho dá guinchos; a criancinha vagidos.
(Autor: Pero Diniz)
Curiosidades sobre a onomatopeia
No Japão as onomatopeias são muito utilizadas, tanto para conversas presenciais quanto para a literatura como pode-se ver nos mangás. Elas são escritas em hiragana e katakana e dividem-se em três classificações: giseigos, que imitam vozes; gigongos, que imitam sons e gijogos, que expressam sentimentos.
A onomatopeia está muito presente nos refrãos das músicas brasileiras e engana-se quem pensa que os créditos são somente das composições mais clássicas. Além de Carmen Miranda, João Gilberto, Chico Buarque e outras elites da música, o sertanejo e outros estilos populares mostraram força no cenário musical com as onomatopeias em seus refrãos.
A letra da música “Ai, se eu te pego”, interpretada por Michel Teló, é um dos exemplos de uso da onomatopeia, assim como “Créu”, de MC Créu, que traz na composição as características dessa figura de linguagem. Outra canção é “Eu quero tchu, eu quero tcha”, de João Lucas e Marcelo, que também inseriu-se no gosto popular e contém a presença de onomatopeias.
Interessante destacar que embora existam críticas em relação à qualidade musical das composições citadas no parágrafo anterior, profissionais da música afirmam que refrãos desse gênero e com a onomatopeia são excelentes estratégias para vender uma canção, pois tornam as melodias fáceis de memorizar, melhores para cantar e, em alguns casos, divertidas.
Figuras de som
As figuras de som são um tipo específico das figuras de linguagem, assim como as figuras de construção, de palavras e pensamento.
O uso das figuras desse tipo está condicionado a dar expressividade à oração, seja por meio de repetição de palavras ou imitação de sons.
Quais são as figuras de som
Aliteração: caracterizada pela repetição consecutiva de sons que causa um efeito sonoro que lembra os “trava-línguas”. É muito encontrada na literatura do movimento simbolismo. Costuma aparecer no início dos versos, mas também pode ser encontrada no meio e no fim. Ex: “O peito do pé do padre Pedro é preto”.
Aliteração e Assonância: esses dois termos consistem em repetição, mas na aliteração tem-se a repetição de consoantes e na assonância é a vogal tônica da oração que aparece em repetição. Ex: “Vozes veladas, veludosas vozes”; “… moqueca, pititinga, caruru, mingau de puba e vinho de caju”.
Paronomásia: as palavras parônimas na língua portuguesa são aquelas que têm sonoridade semelhantes mas escrita e significado diferentes. A figura de linguagem classificada como paronomásia segue a lógica das palavras parônimas. Esse tipo é visto comumente como trocadilhos. Ex: “Cada leitão em seu leito / Cada paixão com seu jeito”.
Resumindo onomatopeia
- É uma das figuras de linguagem da língua portuguesa;
- Integra as figuras de som;
- Pode ser classificada em pura e vocalizada;
- Na maioria das vezes é a imitação de um som;
- Usada na literatura, música, expressões do dia a dia;
- É utilizada para dar expressividade ao discurso.