Por que os juros rotativos do cartão de crédito são tão caros? Descubra agora
O rotativo do cartão de crédito é a modalidade pré-aprovada no cartão. Essa é a linha de crédito mais cara do mercado, com juros considerados abusivos pelos analistas. No entanto, nem mesmo isso afasta os consumidores, que continuam recorrendo à modalidade.
Na verdade, a procura rotativo do cartão sempre se mostra muito elevada porque permite a contratação do crédito por pessoas que não têm condições de pagar o valor total da fatura na data do vencimento.
Atualmente, milhares de pessoas se encontram nessa situação no Brasil, e acabam recorrendo a essa linha de crédito.
Por que os juros rotativos do cartão são tão altos?
Em primeiro lugar, vale destacar que os juros da modalidade chegaram a 440,8% ao ano em dezembro de 2023, em média. Essa taxa é a mais elevada do mercado e acaba colocando os consumidores em situações ainda mais críticas, reduzindo as chances de pagamento das dívidas.
Veja abaixo os motivos que elevam os juros:
1- Inadimplência elevada
De acordo com o Banco Central, quase metade das operações com o rotativo do cartão de crédito está inadimplente no país. Dados do levantamento da autarquia mostram que a taxa de inadimplência do rotativo fica próxima de 50% no país.
Em meio à uma taxa tão elevada de pessoas com contas atrasadas, os bancos tendem a elevar os juros, para que os pagadores cubram os valores dos devedores. O cenário parece um ciclo sem fim, visto que os juros são muito altos devido à inadimplência, e esta é bastante elevada por causa dos juros.
2- Longos prazos de pagamento
Outro fator que impulsiona os juros da modalidade são os prazos longos de pagamento. Como o prazo de financiamento exerce influência direta no custo de capital dos bancos, aumentando o risco do rotativo, os juros acabam sendo muito elevados.
3- Concessão de crédito
Existe um terceiro motivo para os juros tão elevados do rotativo do cartão de crédito. Em síntese, a modalidade ajuda a cobrir o risco da concessão do crédito, ou seja, os bancos emprestam dinheiro e o rotativo ajuda a cobrir o risco, que é muito alto na modalidade.
“Cerca de 75% das operações de cartão dos bancos emissores são realizadas no modelo de parcelado sem juros, em que uma operação de compra é parcelada em até 10 a 12 pagamentos. Nesta operação, o banco emissor garante integralmente o pagamento ao lojista [que não corre risco de crédito], mas não recebe nada de juros para cobrir este risco“, disse a Febraban, em nota, em meados de 2023.
4- Rotativo cobre inadimplência
O primeiro motivo que eleva os juros rotativos do cartão é a inadimplência da operação, que supera 49%. Contudo, vale destacar que a modalidade se direciona justamente aos consumidores que não conseguem pagar a fatura total do cartão, ou seja, tendem a se tornar inadimplentes.
Como o rotativo se refere às faturas cujo vencimento já passou, o banco passa a cobrar juros de cerca de 15% ao mês. Aliás, os consumidores só podem usar o rotativo por 30 dias. Após esse período, os consumidores inadimplentes não podem mais utilizar a linha de crédito.
Após o prazo, o banco deve transferir, obrigatoriamente, a dívida para uma linha de crédito mais acessível, com melhores condições ao consumidor e juros mais baixos. Isso vem acontecendo desde 2017, quando a lei foi alterada.
Rotativo do cartão de crédito passou por mudança
No início de 2024, os juros rotativos do cartão de crédito passaram por uma grande mudança no país. Isso porque começou a valer no país algumas mudanças nas regras da modalidade, graças a um texto aprovado pelo Congresso Nacional em outubro de 2023 e, posteriormente, sancionado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Em síntese, a principal mudança trazida pelo texto se referia ao valor total cobrado pelos bancos. A partir deste ano, o valor em juros no cartão de crédito rotativo passou a ter um limite: não poderá mais exceder o valor original da dívida. Logo, os juros não poderão chegar a patamares tão elevados quanto os atuais, acima de 440% ao ano.
Cabe salientar que os juros da modalidade são muito elevados devido aos riscos que os bancos correm ao oferecê-la. Apesar do posicionamento contrário das instituições bancária em relação à redução dos juros, a decisão começou a vigorar no país no início de janeiro, aliviando um pouco o orçamento de quem busca a modalidade.
Aliás, os clientes inadimplentes poderão contar com mais oportunidades para pagar sua dívida. Em resumo, o banco deverá parcelar o saldo devedor do cliente inadimplente. As instituições também podem oferecer outra forma para quitar a dívida em condições mais vantajosas dentro de 30 dias.