Poli-USP comemora 50 anos do primeiro computador brasileiro

Poli-USP comemora 50 anos do primeiro computador brasileiro

Desenvolvido com recursos próprios da Escola Politécnica, o "Patinho Feio" serviu de base para o nascimento da indústria de informática no Brasil

primeiro computador brasileiro
Primeiro computador brasileiro passará por turnê de exposição (foto: divulgação Poli-USP).

Em julho de 1972, estudantes e professores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) concluíam um projeto tão inédito quanto ousado: a construção do primeiro computador brasileiro, idealizado, projetado e construído no Brasil. Para comemorar o 50º aniversário do “Patinho Feio”, como foi batizado o computador, a Poli-USP e a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) estão fazendo uma série de eventos.

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No dia 22 de setembro, o auditório do prédio da Administração da Poli, na Cidade Universitária, em São Paulo (SP), recebeu os professores da Poli e engenheiros que atuaram na construção do Patinho Feio. Eles contaram como o computador pioneiro serviu para incrementar o ensino, a pesquisa e o nascimento da indústria de informática no Brasil. 

O primeiro computador brasileiro foi feito do zero. Ele é composto por uma caixa de cerca de um metro de comprimento, com placas de circuitos feitas de plástico e papelão. Era capaz de imprimir comandos e registrar códigos com uma memória de 4 kb, capacidade quase um milhão de vezes menor que a de um celular atual. 

Conforme explica Lucas Moscato, desenvolvedor do projeto e docente aposentado da Poli-USP, na época só era possível produzir um computador de pequeno porte. “Mesmo assim, o Patinho era maior do que os computadores utilizados a bordo pela Nasa nas expedições da Apollo 11 à Lua”, destaca. 

Computador não tinha telas 

Não havia telas no primeiro computador produzido em solo brasileiro. Os códigos eram digitados em um teletipo e emitidos em fitas de papel perfuradas com marcações na linguagem binária (0 e 1). Registrado no papel após ser processado pelo computador, o código poderia ser lido diversas vezes pelo teletipo para imprimir o desenho ou o texto que o usuário desejasse. 

“Autorretrato” do computador Patinho Feio (foto: divulgação Poli-USP).

O Patinho Feio foi o vencedor de uma corrida para ver qual seria o primeiro computador brasileiro. O professor Marcelo Schneck de Paula Pessôa, membro do Conselho Curador da Fundação Vanzolini, diz que outras iniciativas já estavam em curso naquela época, como um projeto do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). 

Além dele, havia o projeto “Cisne Branco”, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O nome do projeto da USP – Patinho Feio – inclusive, é uma provocação ao da Unicamp. 

A inauguração da máquina, no dia 24 de julho de 1972, teve presenças de peso: o governador de São Paulo à época, Laudo Natel, o ex-reitor da USP, Miguel Reale, e o Bispo Dom Ernesto de Paula. 

Liderado pelo professor Antônio Hélio Guerra Vieira, o Patinho Feio serviu de base para a produção do G-10, o primeiro computador comercial do país, desenvolvido em parceria pela Poli-USP, Marinha do Brasil e PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). 

Eventos de comemoração

O evento na Poli foi o primeiro dentre outros que virão para comemorar os 50 anos do Patinho. Por iniciativa da FDTE, haverá exposições públicas até julho de 2023. Entre 8 de outubro e 6 de novembro o computador estará na unidade do Sesc da Vila Mariana, na capital paulista. Em novembro, será levado para o Espaço USP Integração & Memória, localizado no prédio da Reitoria da Universidade. No primeiro semestre do ano que vem o Patinho poderá receber visitas programadas de estudantes do ensino fundamental e médio. 

“Temos dois grandes objetivos ao mostrarmos o Patinho Feio publicamente”, informa o diretor de Operações da FDTE, José Roberto Castilho Piqueira. “Um, é mostrar principalmente a crianças e adolescentes que o computador não nasceu laptop, tablet ou no celular, mas sim que houve um avanço tecnológico enorme nos últimos sessenta, cinquenta anos”. 

O segundo, ele explica, “é mostrar para a sociedade e para os poderes públicos que os investimentos feitos na universidade pública dão retorno para o país”. Piqueira ressalta que “o Patinho Feio foi feito com verbas orçamentárias da Escola Politécnica e ajudou a formar e desenvolver a indústria de computadores no Brasil, com a criação de centenas de empresas e milhares de empregos qualificados, além de gerar bilhões de dólares para nossa economia”.

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