Pobreza no Brasil: Nº de pessoas em situação de rua cresce quase 40% em 3 anos
Os pesquisadores acreditam que os números reais podem ser ainda maiores
Um relatório divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), vinculado ao Ministério do Planejamento, apontou que entre 2019, período pré-pandemia, a 2022 houve um aumento de 38% no número de pessoas em situação de rua no Brasil. São 281.472 pessoas sem ter onde morar. O número representa um salto de 211% em apenas dez anos.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expansão do número de pessoas em situação de rua é muito maior à da população brasileira na última década, de apenas 11% entre 2011 e 2021.
Pobreza e falta de renda
Segundo Marco Natalino, pesquisador do Ipea, mesmo não sendo a única justificativa, a falta de renda é o principal motivo que leva uma pessoa a viver em situação de rua.
“O fator econômico inclui falta de renda e de oportunidade de trabalho nos locais de moradia. Isso se manifesta também no caso de pessoas que até têm uma habitação longe dos grandes centros, mas passam a semana ou vários dias dormindo de forma improvisada nas ruas e trabalhando como lavador de carro, ambulante e outras coisas”, afirmou Natalino.
Políticas públicas de combate à pobreza
O entendimento é que o país necessita de dados oficiais sobre o número de pessoas nesta condição, uma vez que conhecendo a realidade é possível embasar a formulação de políticas públicas para este público. De acordo com o Ipea, por exemplo, essa população ficou fora do Censo Demográfico 2022, realizado IBGE, que alcança apenas pessoas que possuem domicilio.
O pesquisador do Ipea pontua que mapeamentos são fundamentais para a formulação de políticas públicas. Ele explica ainda que os números obtidos pelo instituto são baseados em dados de prefeituras e do Cadastro Único, do governo federal.
Crescimento a partir de 2015
“A partir de 2015, houve crescimento da população em situação de rua motivado pelo fator econômico, com aumento do desemprego, da informalidade, queda da renda e da alta da pobreza”, destaca Natalino, apontando a efervescência da situação com a crise sanitária provocada pela pandemia de Covid-19.
Situação pós-pandemia
Além da questão econômica, ele afirma que outras duas condições levam a essa realidade: a quebra de vínculos familiares e comunitários e os aspectos ligados à saúde mental, que incluem o vício em drogas lícitas ou ilícitas. Segundo ele, a pandemia mudou as relações sociais em sua base, afetando família e amigos.
Desse modo, com a imprecisão de dados e estatísticas por parte do poder público, os pesquisadores acreditam, todavia, que os números reais podem ser ainda maiores.