Algo em torno de 27,7 milhões de brasileiros estão neste momento em situação de pobreza ou de extrema-pobreza. Pelo menos esse é o resultado de um estudo do economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em números percentuais, nós estamos falando de algo como 13% da população.
É um crescimento da pobreza no país. Em 2017, considerando essa mesma metodologia, o país tinha algo em torno de 12,2% da população nesta situação. É claro que é preciso considerar a situação da pandemia do novo coronavírus. Muita gente acabou ficando sem ter como trabalhar, e muitas famílias perderam o sustento após a morte de parentes.
Hoje, de acordo com o Ministério da Cidadania, algo em torno de 14,6 milhões de brasileiros recebem o dinheiro do Bolsa Família. É portanto o programa fixo de transferência de renda do Governo Federal. Ainda segundo a pasta, o número de pessoas que são atendidas pelo Auxílio Emergencial é maior. São 27 milhões de brasileiros desconsiderando aqueles que estão em outros projetos sociais.
O crescimento da pobreza no país está ligando um alerta para a necessidade de criação de programas sociais no país. É que se entende que a situação do Brasil ainda está complexa neste momento. Em entrevista recente, o próprio Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que reconhece que os vulneráveis ficaram para trás.
Há também uma preocupação com as pessoas que não estão recebendo nenhum tipo de ajuda do Governo neste momento. São brasileiros que não são usuárias nem do Auxílio Emergencial e nem do Bolsa Família. No entanto, elas garantem que estão dentro das regras básicas para receber esses benefícios.
De acordo com entrevistas de membros do Governo Federal, uma saída para tentar mudar essa situação é investir em empregos. O próprio Ministro Paulo Guedes vem falando isso com certa frequência nas entrevistas que ele está concedendo neste momento para emissoras de rádio e TV.
O plano é simples: o governo acredita que se as vagas de emprego aumentam, as pessoas poderão passar a ganhar os seus salários. E a partir daí, elas não precisariam mais se preocupar com o recebimento dos programas sociais.
Apesar de ser simples, o plano não deu certo algumas vezes. No ano passado, Guedes prometeu que esse crescimento dos empregos aconteceria no primeiro trimestre de ano. No entanto já chegamos no terceiro trimestre e esse crescimento ainda não aconteceu.
O outro foco do Governo agora é a questão do novo Bolsa Família. O programa, que deve passar a se chamar Auxílio Brasil, deverá entrar em cena a partir do próximo mês de novembro. Pelo menos essa é a ideia até este momento. Portanto, tudo pode mudar.
Aliás, o objetivo do Governo é que esse novo programa substitua não apenas o Bolsa Família, mas também o Auxílio Emergencial. Assim, pessoas que hoje recebem esses dois projetos poderiam ir para um mesmo benefício a partir de novembro.
A questão, no entanto, é que não tem espaço para todo mundo. Mesmo as propostas mais otimistas, não consideram que o Governo vai conseguir abarcar todo mundo no novo programa. Então é quase certo dizer que alguns milhões acabarão ficando de fora.