Economia

Surpresa total, saiu o valor do Salário Mínimo Médio do último ano da gestão Bolsonaro

Os reajustes salariais no Brasil não foram tão positivos em 2022. Isso porque, no ano passado, quatro em cada dez acordos e convenções coletivas ficaram abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em outras palavras, muitos trabalhadores brasileiros viram o seu poder de compra diminuir no ano.

Ainda assim, houve uma melhora nas negociações trabalhistas em relação a 2021, quando os quase 46% dos reajustes ficaram abaixo do INPC. Aliás, o indicador é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS no país. E é com base neste índice que há acordos e reajustes dos salários dos trabalhadores.

Isso acontece porque, quando a inflação do país está em um nível muito alto, os reajustes também sobem mais para que não haja perda de poder de compra do trabalhador. A expectativa é que estes acordos e convenções coletivas sempre superem a variação da inflação, mas nem sempre isso acontece.

Vale ressaltar que o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Dessa forma, como é usado para reajustes salariais, o IPC tem uma importância muito grande para os trabalhadores brasileiros.

A propósito, todos estes dados fazem parte do levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e divulgado mensalmente.

De acordo com o levantamento, o piso salarial médio do país foi de R$ 1.547,98 no acumulado de 2022, entre janeiro e dezembro, ainda no governo Bolsonaro. A saber, este valor médio é “equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados”, segundo o Dieese.

Piso salarial dos setores econômicos

Entre os quatro setores econômicos pesquisados, apenas um deles teve um resultado superior à média nacional. Veja abaixo os pisos de cada um dos setores:

  • Serviços: R$ 1.575,20
  • Indústria: R$ 1.544,42
  • Comércio: R$ 1.483,74
  • Rural: R$ 1.467,75

Vale destacar que o setor de serviços responde por quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Por isso, o setor puxou o piso salarial do país para cima, apesar de os demais setores terem registrado valores inferiores à média nacional.

Embora os serviços tenham apresentado o maior piso nacional, foi a indústria que teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em 2022, chegando a 32,6% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram 28,7%, enquanto 38,7% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.

Com dados um pouco semelhantes, o comércio teve 26,6% dos reajustes abaixo da inflação em 2022. Por outro lado, 21,9% das negociações ficaram acima do INPC, enquanto os 51,4% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação acumulada no país no ano passado.

Aliás, o destaque negativo em 2022 ficou com o setor de serviços. Em suma, 50,0% dos reajustes ficaram abaixo da inflação, o que quer dizer que metade dos trabalhadores do setor viram o seu poder de compra literalmente diminuir no ano.

Além disso, 31,1% das negociações foram iguais ao INPC e também não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Assim, apenas 18,9% dos acordos superaram a inflação, aumentando o poder de compra dos profissionais deste setor. Em outras palavras, menos de dois em cada dez trabalhadores de serviços comemoraram o aumento da renda em 2022.

Veja o piso salarial das regiões brasileiras

Além disso, o Dieese também revelou o piso nacional médio nas regiões brasileiras. A propósito, todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.

Veja abaixo os pisos salariais médios em cada região brasileira:

  • Sul: R$ 1.596,22
  • Sudeste: R$ 1.588,84
  • Centro-Oeste: R$ 1.452,81
  • Norte: R$ 1.428,69
  • Nordeste: R$ 1.403,46

Segundo o Dieese, os reajustes salariais foram bastante diferentes entre as regiões brasileiras. A saber, o Sul teve a maior taxa de acordos acima do INPC (29,8%), seguido por Sudeste (25,4%), Norte (18,7%), Nordeste (17,3%) e Centro-Oeste (12,9%).

Em contrapartida, o Centro-Oeste teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação no ano passado. Na região, 65,6% dos acordos e convenções coletivas reduziram o poder de compra do trabalhador no acumulado de janeiro a novembro. Na sequência, ficaram Nordeste (56,7%), Norte (55,7%), Sudeste (39,7%) e Sul (21,7%).

O levantamento ainda revelou que o Sul teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (48,5%). Em seguida, ficaram Sudeste (35,0%), Nordeste (26,0%), Norte (25,6%) e Centro-Oeste (21,5%).