O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,9% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o trimestre anterior, após ajuste sazonal. O resultado surpreendeu os analistas do mercado financeiro, que projetavam um avanço mais modesto no período.
Aliás, várias instituições revisaram as estimativas para o crescimento do PIB brasileiro em 2023. Como o resultado do primeiro trimestre veio acima do esperado, as novas projeções indicam que a economia do país poderá crescer mais de 2% em 2023.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, responsável pelo levantamento, o PIB brasileiro cresceu no primeiro trimestre deste ano devido à agropecuária. Veja abaixo os resultados registrados nos três primeiros meses de 2023:
- Agropecuária: +21,6%;
- Serviços: +0,6%;
- Indústria: -0,1%.
“Problemas climáticos impactaram negativamente a Agropecuária ano passado e esse ano estamos com previsão de safra recorde de soja, que representa aproximadamente 70% da lavoura no trimestre, com crescimento de mais de 24% de produção“, explicou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
“A safra da soja é concentrada no primeiro semestre do ano. Ao compararmos o quarto trimestre de um ano ruim com um primeiro trimestre bom, observamos esse crescimento expressivo da Agropecuária“, acrescentou.
Serviços respondem por cerca de 70% do PIB
Em resumo, cada uma das atividades exerce uma influência distinta na composição do PIB brasileiro. Enquanto o setor de serviços responde por cerca de 70% do PIB do país, a indústria tem peso de aproximadamente 22% e a agropecuária de apenas 8%.
Como o setor agropecuário exerce pouca influência na economia brasileira, o desempenho do PIB no primeiro trimestre foi bem mais modesto que o do próprio setor. Contudo, mesmo com um peso quase nove vezes menor que o de serviços, a agropecuária exerceu a maior influência positiva no resultado do PIB brasileiro no primeiro trimestre.
Por sua vez, os serviços tiveram um resultado positivo no período principalmente por causa das altas nos setores de Transportes e Atividades Financeiras, ambos com crescimento de 1,2%. A saber, o setor é considerado o maior empregador do país, segundo o IBGE.
“A alta no setor dos Transportes foi influenciada tanto pelo transporte de carga quanto o de passageiros e nas Atividades Financeiras, foi puxada pela parte de seguros, pois o valor dos prêmios cresceu, mas o dos sinistros caiu, e o setor tem um ganho quando acontece isso“, avaliou Palis.
Por outro lado, a indústria registrou uma leve queda no período, mas o resultado ficou estatisticamente estável em relação ao último trimestre de 2022.
“A queda na Indústria de Transformação foi influenciada pelas quedas de bens de capital e bens intermediários, enquanto a Atividade de Eletricidade e água, gás, esgoto, atividades de gestão de resíduos subiu 6,4%, visto que estamos em um momento de boas condições hídricas, sem escassez“, pontuou Rebeca Palis.
Veja outros destaques do PIB brasileiro no trimestre
O IBGE divulga dados sobre os setores mais importantes para o PIB brasileiro. Além dos serviços, indústria e agropecuária, outros indicadores também exercem grande influência na economia do país, impulsionando-a ou puxando-a para baixo.
No primeiro trimestre deste ano, os outros destaques foram os seguintes:
- Consumo das famílias: +0,2%;
- Consumo do governo: +0,3%;
- Investimentos: -3,4%;
- Exportações: -0,4%;
- Importações: -7,1%.
Em suma, nenhum destes indicadores teve um avanço muito expressivo no período. Aliás, alguns analistas chegaram a afirmar que o forte resultado da agropecuária ajudou a mascarar a falta de investimentos e a perda de fôlego dos outros setores da economia brasileira.
De todo modo, vale destacar que o setor externo contribuiu positivamente para o crescimento do PIB brasileiro no período. Isso porque a forte queda das importações, em comparação com o recuo das exportações, resultou em um dado positivo para a economia do país.
PIB brasileiro soma R$ 2,6 trilhões
Em valores correntes, a economia brasileira totalizou R$ 2,6 trilhões no primeiro trimestre de 2023. Desse valor, R$ 2,2 trilhões se referiram ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos. Já R$ 317,1 bilhões vieram de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
De acordo com o IBGE, a taxa de investimento foi de 17,7% do PIB no período. Esse percentual ficou menor que o registrado no mesmo período de 2022 (18,4%). Em contrapartida, a taxa de poupança foi de 18,1%, superando a taxa observada no primeiro trimestre do ano passado (17,4%).
Na comparação com o primeiro trimestre de 2022, o PIB brasileiro cresceu 4,0%. Em síntese, esse resultado aconteceu graças à elevação de 4,1% do Valor Adicionado a preços básicos e de 3,0% dos Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios.
Já no acumulado dos últimos quatro trimestres, o PIB do país apresentou um crescimento de 3,3% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores. O Valor Adicionado a preços básicos cresceu 3,4%, enquanto os Impostos sobre Produtos Líquidos de Subsídios tiveram alta de 2,7%.