O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que representa a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, registrou queda de 0,1% no segundo semestre, em relação ao primeiro. O resultado foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que considera a pequena variação negativa como uma estabilidade.
Seguindo este contexto, na comparação com o segundo trimestre de 2020, pior momento dos efeitos da pandemia sobre a atividade econômica, a alta foi de 12,4%. Sendo assim, o resultado representa uma diminuição no ritmo em relação ao crescimento de 1,2% do PIB no primeiro trimestre, na comparação com o quarto trimestre de 2020, quando o bom desempenho da atividade econômica foi puxado pela agropecuária, indústria e serviços.
No entanto, dois desses principais componentes perderam força. A agropecuária registrou uma queda de 2,8% em relação ao trimestre anterior, devido ao efeito negativo da estiagem e de geadas sobre a produção agrícola. Já a indústria recuou 0,2% em relação ao último trimestre, impactada pela falta de insumos e alta dos custos de produção.
Já o setor de serviços manteve um crescimento de 0,7% em relação ao trimestre anterior. Isso foi possível graças à gradual reabertura dos setores de serviços que movem parte da economia por conta de permitirem o consumo de brasileiros em bares, restaurantes, shopping centers, cinemas e hotéis.
Para muitos economistas, o resultado do PIB deste trimestre já “é passado” e não tem grande representatividade no momento. Neste momento, os analistas estão de olho em como será o desempenho da economia em 2022, ano em que acontecerá a disputa eleitoral pela presidência do Brasil.
Nesse sentido, a perspectiva dos economistas não é muito animadora. Isto porque a inflação em alta deve levar o Banco Central a subir ainda mais os juros, com efeito negativo sobre investimentos e consumo. Além disso, o aumento nos preços diminui o poder de compra das famílias, o que prejudica a movimentação da economia.
Além disso, o descontrole das contas públicas e a volatilidade gerada pela corrida eleitoral devem piorar as condições financeiras do país. Dessa maneira, o desempenho de indicadores como juros futuros, risco-país, câmbio e bolsa de valores, representam uma espécie de “termômetro” das expectativas dos agentes do mercado financeiro quanto ao desempenho futuro da economia.
Portanto, o cenário que os economistas prevêem é avaliado como uma “tempestade perfeita”. Em vista disso, a perspectiva é de que o PIB brasileiro cresça menos de 2% em 2022, após avançar algo como 5,2% neste ano. Percentual este que vem de uma queda de 4% em 2020, devido à pandemia de covid-19.
O economista-chefe da gestora de recursos Greenbay Investimentos, Flavio Serrano, espera um crescimento de 1,7% no PIB brasileiro em 2022. “O principal cenário é um Banco Central que vai subir mais juros do que estava previsto inicialmente. Estamos caminhando para uma taxa básica de juros de 7,5%, 8%, eventualmente até mais. E obviamente que isso tem implicações sobre a atividade”, diz Serrano.
Uma taxa básica de juros mais alta torna mais caro tomar dinheiro emprestado, seja para as famílias ou para as empresas. Assim, o aumento dos juros é usado pelo Banco Central para “esfriar” a economia, uma maneira de controlar a inflação, quando os preços estão em alta. No entanto, a consequência disso é diminuir o consumo e investimento, o que diminui o PIB do país.