De acordo com o levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), um em cada quatro brasileiros não conseguem pagar efetivamente todas as contas do mês, sendo assim, o endividamento se torna uma problema para além das questões econômicas.
A pesquisa oficial aponta que 34% das pessoas atrasam contas básicas de consumos essenciais, como água, luz e telefone. Além disso, cerca de 16% dos cidadãos precisam – em algum momento – vender algum item pessoal para pagar contas.
Se o cidadão utilizar o cartão de crédito com frequência, ele pode estar endividado. Já que o cartão de crédito funciona como um limite de empréstimo, geralmente, curto, que deve ser pago na data de vencimento.
Dessa forma, é possível entender que ter um cartão de crédito não é exatamente adquirir uma dívida. Contudo, o cartão de crédito é uma porta de entrada para o “efeito bola de neve”.
De forma sucinta, esse efeito se refere aos juros sobre juros, tornando a dívida extremamente maior do que o valor gasto no cartão. Se ao utilizar o cartão de crédito, o consumidor faz várias compras de forma parcelada, ao passo que adquire outro cartão simultaneamente, não conseguindo pagar nenhum deles de forma integral, ele está sujeito ao endividamento.
Já o superendividamento, de acordo com especialistas em finanças, ocorre quando não há como pagar despesas básicas, como fornecimento de energia elétrica, aluguel e compras do supermercado, por exemplo.
80% das pessoas superendividadas comprometem a saúde mental de alguma forma, é o que aponta uma pesquisa feita no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
De acordo com o estudo feito pelo Hospital das Clínicas em parceria com o Procon, o superendividamento gera um efeito de “bola de neve” também na saúde emocional do consumidor, o que impacta em algum momento a saúde física. Segundo destaca o estudo, o endividamento não afeta somente as questões econômicas. Pois o endividado dorme pouco e está sempre preocupado.
Por isso, o cidadão que contraiu dívidas pode perder o sono e apresentar dificuldade de concentração, além de outros fatores que podem evoluir para um quadro de ansiedade. Além disso, a pessoa endividada também pode se isolar socialmente.
Já que é difícil conversar com pessoas próximas sobre a sua situação, principalmente, se o indivíduo culpar a si mesmo pelos seus hábitos de consumo. Um estudo feito pela Serasa mapeou o perfil dos brasileiros que estão devendo em diferentes locais do país, focando na consequência emocional do endividamento.
Diante disso, 88% das pessoas endividadas sentiam vergonha pelas contas atrasadas e, portanto, tinham muita dificuldade em falar sobre isso com pessoas próximas, pois, possivelmente seriam reprovadas por familiares e amigos.
Cerca de 85% dos endividados analisados pelo estudo da Serasa, destacaram que possuem dificuldades para dormir por conta do excesso de preocupação com as dívidas.
Mais de 60% dos endividados afirmam que o volume de dívidas impacta seus relacionamentos com amigos, familiares ou parceiros. Inclusive, o endividamento foi o principal motivo, segundo os entrevistados, para o final de algum relacionamento de convivência.
Portanto, é muito importante que evite criar uma situação de endividamento, planejando suas finanças e centralizando as suas compras em um único cartão de crédito, por exemplo. Além disso, pode ser importante procurar ajuda profissional psicológica para direcionar seus hábitos de maneira positiva.
Já que por muitas vezes, o superendividamento está acompanhado de outras questões que precisam de acompanhamento profissional. De forma prática, é importante aproveitar feirões e outras oportunidades para negociar suas dívidas com descontos e evitar compras por impulso.