A idade do primeiro acesso à Internet por crianças brasileiras vem se antecipando nos últimos anos. A TIC Kids Online Brasil 2023, pesquisa lançada nesta quarta-feira (25/10), mostrou que 24% dos entrevistados relataram ter começado a se conectar à rede na primeira infância, ou seja, até os seis anos de vida. A título de comparação, na edição de 2015, essa proporção era de 11%.
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Conduzida desde 2012 pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), a pesquisa TIC Kids Online Brasil apresenta as tendências quanto ao acesso e ao uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) pela população brasileira com idade entre 9 e 17 anos.
A pesquisa mostra tendência crescente de uso da Internet já na primeira infância. Esse fenômeno reforça a necessidade de dados robustos acerca das oportunidades e dos riscos online vivenciados por crianças e adolescentes, que orientem políticas e ações voltadas à garantia dos seus direitos e proteção, dizem os pesquisadores responsáveis pelo estudo.
Atualmente, 95% da população de 9 a 17 anos é usuária de Internet no País, o que representa 25 milhões de pessoas. A 10ª edição da pesquisa TIC Kids Online Brasil entrevistou presencialmente 2.704 crianças e adolescentes com idades entre 9 e 17 anos, assim como seus pais ou responsáveis, em todo o território nacional. As entrevistas aconteceram entre março e julho de 2023.
Uso de redes sociais é prioridade
Segundo a pesquisa, 88% da população brasileira de 9 a 17 anos disse manter perfis em plataformas digitais. Entre 15 e 17 anos, a proporção foi de 99%. O Instagram (36%) é a plataforma mais usada pelos usuários de Internet de 9 a 17 anos, frente ao YouTube (29%); TikTok (27%) e o Facebook (2%).
Já o YouTube, que entrou no estudo pela primeira vez, é acessado por 88% das crianças e adolescentes ouvidas e lidera em número de acessos na pesquisa. Nas faixas de 9 a 10 anos e de 11 a 12 anos, o YouTube lidera no quesito de plataforma mais usada com 42% e 44%, respectivamente. Já nas faixas de 13 a 14 anos (38%) e de 15 a 17 anos (62%), predomina o uso do Instagram.
Em números de acesso por plataforma, depois do YouTube, aparecem o WhatsApp, com 78%, Instagram, com 66%, TikTok (63%) e Facebook (41%).
O Cetic.br, que cooordena a pesquisa, diz que a proporção de crianças e adolescentes que declaram assistir a vídeos online cresceu ao longo da série histórica da pesquisa. Plataformas digitais voltadas ao compartilhamento e a criação de conteúdos multimídia são usadas por quase a totalidade de usuários de 15 a 17 anos.
Acesso à internet pode expor criança a perigos
Junto com o acesso à Internet, também estão os riscos. O quarto Relatório de Avaliação de Ameaças Globais da WeProtect Global Alliance revelou um aumento de 87% nos casos relatados de abuso sexual infantil desde 2019, com mais de 32 milhões de relatos em todo o mundo.
O relatório, que fornece informações críticas sobre as ameaças que as crianças enfrentam no universo online em 2023, também concluiu que houve um aumento de 360% nas imagens sexuais autogeradas (selfies) por crianças entre 7 e 10 anos, de 2020 a 2022.
O risco é ainda maior no ambiente de jogos online. O estudo revelou que as conversas com as crianças em plataformas de jogos que promovem interações sociais podem evoluir para situações de aliciamento de alto risco em 19 segundos, com um tempo médio de aliciamento de apenas 45 minutos.
Isso acontece porque, no ambiente de jogos online, principalmente os que envolvem interações sociais, há mecanismos que facilitam o convívio entre adultos e crianças, como a troca de presentes virtuais e os sistemas de classificação pública, que aumentam significativamente estes riscos.
A pesquisa ainda constatou um aumento significativo na extorsão sexual financeira de adolescentes, com relatos de danos saltando de 139 em 2021 para mais de 10.000 relatos em 2022. Muitos cibercriminosos se passam por meninas no mundo online e abordam predominantemente meninos com idades entre 15 e 17 anos, por meio das redes sociais.
Isso envolve perpetradores que manipulam os adolescentes para que compartilhem imagens e vídeos sexuais de si mesmos e, em seguida, os extorquem para ganho financeiro. Este fenômeno resultou numa série de casos, nos quais os adolescentes tragicamente tiraram a própria vida.