Pesquisa mostra estágio da digitalização da saúde pública no Brasil

Pesquisa mostra estágio da digitalização da saúde pública no Brasil

TIC Saúde 2021 mostra que quase todas as UBSs contam com computador e Internet, mas ainda falta avançar na universalização de informações via soluções digitais

Os estabelecimentos de saúde no Brasil estão mais informatizados, com o computador e a Internet alcançando quase todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do País. Mas a digitalização das informações dos pacientes ainda precisa evoluir, bem como a segurança dos dados pessoais dos pacientes. Essa foi uma das conclusões da Pesquisa TIC Saúde 2021, do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), que avaliou a digitalização da saúde pública.

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Os dados levantados revelam o crescimento da adoção de Internet entre os estabelecimentos públicos no período marcado pelo avanço da covid-19: 94% deles possuem computador e Internet, o que equivale a um aumento de nove pontos percentuais em relação a 2019. Considerando apenas as UBS, 94% delas utilizam computadores (eram 91% em 2019) e 92% têm acesso à Internet (82% em 2019). Por serem em um número muito grande – são cerca de 40,6 mil UBSs em todo o Brasil – 2,5 mil não possuem um PC e 3,4 mil não têm acesso à rede. 

Segundo a pesquisa, o aumento da informatização pode estar relacionado à maior necessidade de digitalização das informações em função do cenário da pandemia. Assim como ocorreu com empresas e pessoas, esses dados mostram que existiu uma demanda crescente por digitalização nesse período. 

Uso de ferramentas digitais ainda não é grande 

O uso de sistemas eletrônicos para registrar dados dos pacientes, conhecido como prontuário eletrônico, aumentou nas unidades públicas. O índice subiu de 74% para 85% em dois anos. Em relação às UBS, 89% possuem algum tipo de sistema eletrônico. 

A disponibilidade das informações dos pacientes em formato digital também aumentou, mas sua extensão depende do tipo de dado a ser digitalizado. Nas UBS, as funcionalidades que registraram maiores aumentos foram: listar todos os pacientes por tipo de diagnóstico (de 43%, para 60% em 2021), realizar prescrição médica (de 58% para 75%) e compilar resultados de exames laboratoriais (46% para 62%). 

A interoperabilidade entre sistemas eletrônicos de informação na saúde também avançou durante a pandemia, apesar de ainda não alcançar a maioria das instituições de saúde. A pesquisa indica um maior número de estabelecimentos com sistemas que recebem ou enviam informações para outros sistemas eletrônicos da rede de atenção à saúde. Em geral, os estabelecimentos públicos passaram de 25% em 2019, para 43% em 2021, incluindo as UBSs (de 28% para 45%).

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A telemedicina também foi avaliada na pesquisa. A realização de teleconsulta entre médico e paciente – modalidade regulamentada de maneira emergencial diante do avanço da covid-19, é oferecida por 14% dos estabelecimentos públicos. 

Segurança da informação 

Para os pesquisadores, o pior índice é sobre a segurança da informação. Apenas 21% dos estabelecimentos de saúde públicos tinham uma política definida sobre o tema. Considerando também as empresas de saúde privadas, entre as ferramentas de segurança, aquelas relacionadas à criptografia apresentaram maior aumento na comparação a 2019, a exemplo da criptografia de arquivos e e-mails, presentes em 52% dos estabelecimentos (contra 41% em 2019). Já a criptografia da base de dados avançou de 36%, em 2019, para 48% em 2021. 

Já em relação a adequação à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), menos da metade implementou alguma das medidas pesquisadas. Entre as mais adotadas estão a disponibilização de canais de atendimento e interação com os titulares dos dados (38% do total) e a realização de campanha interna para conscientização sobre a LGPD (32% do total). 

Sobre a pesquisa 

A pesquisa foi conduzida pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), todos órgãos ligados ao CGI.br. Em função do cenário de pandemia e de grande demanda sobre o setor, a pesquisa foi toda realizada através de entrevistas telefônicas. Elas ocorreram entre janeiro e agosto de 2021, com 1.524 gestores de estabelecimentos de saúde localizados em todo o território nacional. 

Realizada desde 2013, a pesquisa conta com o apoio institucional de organismos internacionais – como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Além disso, a realização da pesquisa é apoiada pelo Ministério da Saúde e o Departamento de Informática do SUS (Datasus), a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), além de especialistas vinculados a importantes universidades e instituições de pesquisa.

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