O Ministro da Economia, Paulo Guedes, teria dito ser pessoalmente contra a instituição de um piso salarial para os profissionais da enfermagem. Segundo apurações do jornal O Estado de São Paulo, o chefe da pasta econômica teria dado a declaração durante um programa da emissora RedeTV, se arrependido da fala, e encerrado a entrevista.
A notícia de que Guedes teria encerrado uma entrevista na RedeTV começou a circular em vários veículos de comunicação no início da tarde da quinta-feira (22). Mais tarde, o jornal Estadão passou a publicar a notícia do motivo do fim da entrevista. O Ministro teria declarado que era contrário ao piso.
Ainda segundo o jornal, o Ministro não apenas travou a entrevista, como pediu para que a emissora não veiculasse o trecho em que ele fala que não é favorável ao piso da enfermagem. Se pediu ou não, o fato é que alguns trechos já foram veiculados na emissora, e não há qualquer tipo de menção ao piso.
O Ministério da Economia, confirma que Paulo Guedes esteve nos estúdios da RedeTV para uma espécie de visita institucional. Ainda segundo a pasta, o chefe da área econômica teria aproveitado o momento para conceder uma entrevista ao programa do jornalista Ernesto Lacombe.
O Ministério diz ainda que Paulo Guedes não encerrou a entrevista abruptamente como chegou a ser noticiado na imprensa. A pasta afirma que Guedes permaneceu nos estúdios da emissora por cerca de 15 minutos depois da sabatina, e se despediu cordialmente de todos os funcionários do canal.
Ao menos até a publicação deste artigo, nem a RedeTV e nem o apresentador Ernesto LaCombe tinham se manifestado sobre o ocorrido. Assim como Ministério da Economia, eles nem confirmam e nem negam a história de que Guedes é pessoalmente contrário ao estabelecimento de um piso para a enfermagem.
O piso para os profissionais da enfermagem já foi oficialmente aprovado tanto pelo Senado Federal, como também pela Câmara dos Deputados. O presidente Jair Bolsonaro (PL) também já sancionou a medida oficialmente.
Contudo, associações que representam hospitais privados do país entraram com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir pela suspensão da lei. Eles alegaram que não existe espaço no orçamento para aumentar os repasses.
O ministro Luís Roberto Barroso decidiu lançar uma liminar acatando o pedido e alegando que o estabelecimento do piso poderia resultar em demissões em massa, e no fechamento de uma certa quantidade de unidades de atendimento.
Na última semana, o plenário do STF formou maioria para manter a decisão da liminar. Assim, a lei que cria o piso nacional para os profissionais da enfermagem segue travada ao menos até que o Congresso Nacional aponte uma fonte de custeio.
Esta não é a primeira vez que Guedes dá declarações polêmicas que, segundo informações da de bastidores, estariam irritando membros da campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) à reeleição.
Recentemente, Guedes indicou uma série de condições para a manutenção do valor do Auxílio Brasil na casa dos R$ 600 no próximo ano. Entre elas, estaria a aprovação da Reforma Tributária. O discurso que impõe condições para o saldo, vai de encontro com a retórica de Bolsonaro, que afirma que o patamar de R$ 600 já estaria confirmado para o próximo ano.