O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24% em outubro, desacelerando levemente em relação ao mês anterior, quando a taxa avançou 0,26%. A propósito, o IPCA é a inflação oficial do Brasil.
O resultado veio abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,29% em outubro. Isso aconteceu porque a maioria dos grupos pesquisados apresentou variações tímidas no mês, ou seja, os preços não subiram de maneira significativa.
Com o acréscimo do resultado de outubro, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses perdeu força, passando de 5,19% para 4,82%. Com isso, continuou acima do limite superior definido para a inflação deste ano, de 4,75%. Caso a trajetória continue assim perdendo força, a inflação deverá ficar na meta após dois anos consecutivos de estouro no Brasil.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta sexta-feira (10).
O termo inflação se refere ao aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia. Assim, quando a taxa inflacionária sobe, o dinheiro passa a comprar menos bens e contratar menos serviços, pois o aumento da inflação reduz o poder de compra do consumidor.
No entanto, quando ocorre o contrário, tem-se deflação. Este termo se refere à redução nos preços de produtos e serviços no país. Em 2023, apenas junho registrou deflação. Nos demais meses, os preços só fizeram subir no Brasil.
Cabe salientar que alguns analistas afirmam que deflação só ocorre quando a queda dos preços fica generalizada. Quando isso não ocorre, eles entendem o resultado apenas como uma queda da inflação, e não deflação em si.
De todo modo, o principal objetivo do IPCA é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos”, segundo o IBGE.
O IBGE revelou que oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram alta em seus preços em outubro, indicando um resultado mais disseminado para os avanços dos preços, mas isso não fez a inflação acelerar em relação a setembro porque as altas foram pouco expressivas.
Em suma, o destaque em outubro continuou com o grupo transportes, mesmo com a forte desaceleração dos preços, que passaram de 1,40%, em setembro, para 0,35%, em outubro. Com isso, o grupo exerceu um impacto de 0,07 ponto percentual (p.p.) no IPCA do mês passado, respondendo por 29% da inflação no período.
O item passagem aérea influenciou o índice em 0,14 p.p., variação que respondeu por 58,3% do IPCA em outubro. Isso aconteceu porque os preços do item passagem aérea dispararam 23,7% em outubro, impulsionando a taxa do grupo transportes e da inflação no Brasil.
“É o segundo mês seguido de alta das passagens aéreas. Essa alta pode estar relacionada a alguns fatores como o aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano“, explicou o gerente da pesquisa, André Almeida.
Por outro lado, o preço dos combustíveis caiu 1,39% no mês, puxado para baixo pelas quedas nos preços da gasolina (-1,53%), do gás veicular (-1,23%) e do etanol (-0,96%). Apenas o diesel ficou mais caro em outubro, apresentando alta de 0,33%.
“A gasolina é o subitem de maior peso entre os 377 da cesta do IPCA. Essa queda em outubro foi o maior impacto negativo no índice (-0,08 p.p) e contribuiu para segurar o resultado do grupo de transportes“, disse Almeida.
Após quatro meses de queda, os preços do grupo alimentação e bebidas voltaram a subir no Brasil. Em síntese, a alimentação no domicílio subiu 0,27% em outubro, impactando o IPCA em 0,07 p.p., impulsionando a taxa do grupo e fortalecendo a inflação no país.
Veja as altas mais importantes registradas em outubro entre os alimentos:
Por outro lado, os dois itens que tiveram os principais recuos de outubro foram leite longa vida (-5,48%) e ovo de galinha (-2,85%). Entretanto, os recuos não impediram a alta dos preços no grupo alimentação em outubro.
Os grupos transportes e alimentação e bebida tiveram os maiores impactos no IPCA em outubro, mas foi o grupo artigos de residência que apresentaram a maior alta dos preços no mês. Confira abaixo a variação registrada por todos os nove grupos em outubro:
O grupo comunicação foi o único a apresentar queda nos preços, impulsionado pelas quedas nos preços dos aparelhos telefônicos e dos planos de telefonia fixa.