O papa Francisco disse nesta semana que existem formas de a igreja católica abençoar uniões de casais do mesmo sexo. O mais alto comandante da igreja apostólica romana deu esta declaração em resposta a questionamentos de cardeais conservadores sobre diversos temas polêmicos.
Embora tenha dito que a bênção pode ser dada, Francisco disse que o casamento entre pessoas do mesmo sexo não pode ser confundido com um casamento entre heterossexuais. Além disso, ele frisou que mesmo a bênção para casais LGBTQIA+ precisa ser repassada após uma decisão caso a caso.
Ele também afirma que a igreja católica deixa muito clara a sua posição em relação ao sacramento do matrimônio entre pessoas do mesmo sexo. De acordo com Francisco, este tipo de celebração só pode ser feita através de um homem e uma mulher, “aberto à procriação”. Ele disse que a igreja deve evitar qualquer outro tipo de ritual que contrarie este ensinamento.
Na visão do pontífice, as bênçãos que são pedidas pelas pessoas, sejam elas homossexuais ou não, são uma “forma de se aproximar de Deus e viver dias melhores.”
“Quando você pede uma bênção, você expressa um pedido de ajuda de Deus, uma oração para poder viver melhor, uma confiança num pai que pode ajudá-lo a viver melhor”, escreveu o Papa
A resposta sobre a bênção
De uma maneira geral, analistas consideraram que as repostas dadas por Francisco a este e a outros temas são dúbias. Seja como for, a linha que vem sendo adotada pelo papa desde o início do seu pontificado segue a mesma. Ele considera que a atração pelo mesmo sexo não é pecaminosa, mas indica que os atos sexuais em si são.
Ele afirmou, no entanto, que “a caridade pastoral deve permear todas as nossas decisões e atitudes”, acrescentando que “não podemos ser juízes que apenas negam, rejeitam e excluem”.
“Por isso, a prudência pastoral deve discernir adequadamente se existem formas de bênção, solicitadas por uma ou mais pessoas, que não transmitam uma concepção equivocada do casamento”, argumenta o papa.
Até “porque quando se pede uma bênção, expressa-se um pedido de ajuda a Deus, um apelo para viver melhor, uma confiança em um pai que pode ajudar a viver melhor”, escreve ele.
Discussão no Brasil
No Brasil, a discussão sobre a liberação do casamento entre pessoas do mesmo sexo também está no seu auge. Por aqui, no entanto, há um projeto que tenta restringir este direito até mesmo para as cerimônias que não são realizadas em igrejas. Abaixo, você pode ver opiniões de alguns parlamentares sobre o tema.
Contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo
“Nós estamos tratando de um assunto que foi de maneira arbitrária, legislado, de maneira irregular, por um poder que não tem o poder de legislar, que é o STF”, alegou a deputada Priscila Costa (PL-CE).
“Se não fosse o casamento hétero, não haveria mais seres humanos. Isso é atestar a realidade”, opinou o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).
“Qualquer lei ou norma que preveja união estável ou casamento homoafetivo representa afronta direta à liberdade do texto constitucional”, apontou o deputado Delegado Éder Mauro (PL-PA).
A favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo
“O Estado brasileiro não pode negar a absolutamente nenhuma cidadã um direito civil tendo por critério discriminatório sua orientação sexual. Estão em jogo aqui princípios constitucionais como os da dignidade da pessoa humana, da igualdade perante a lei e da não-discriminação”, afirma Erika Hilton (Psol-SP).
“Não obstante, há quem insista em afirmar que alterações das regras relativas ao casamento civil – e mesmo à união estável – seriam ofensivas aos ritos e regras religiosos, o que não é verdade”, destacou a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ).