Os trabalhadores do Brasil receberam uma grande notícia na semana. De acordo com o Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), oito em cada dez reajustes salariais superaram a inflação no país em fevereiro.
Isso quer dizer que a maioria absoluta dos trabalhadores com carteira assinada viram o seu poder de compra crescer. Esse dado é muito positivo para os empregados, que desejam ter condições de consumir mais itens com o rendimento mensal que possuem.
Aliás, a Fipe faz uma relação dos reajustes salariais com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em resumo, o indicador mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país.
Vale destacar que o INPC é utilizado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS. Em outras palavras, o governo federal se baseia na variação registrada pelo indicador para definir os reajustes no país. Por isso que o INPC, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é um indicador tão importante para os trabalhadores.
Em 2023, o Brasil vem sofrendo para manter a atividade econômica em ritmo firme. As expectativas indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá crescer apenas 0,88% neste ano, taxa bem menor que a registrada em 2022 (2,9%).
Embora o país já esteja sofrendo com a estagnação econômica, os reajustes salariais tiveram um resultado bastante positivo para os trabalhadores do país em fevereiro.
Segundo o boletim Salariômetro, os resultados observados no segundo mês de 2023 foram os seguintes:
Em suma, a comparação é feita com a variação acumulada pelo INPC nos últimos 12 meses, até fevereiro. No período, o indicador oscilou 5,47% em comparação aos 12 meses imediatamente anteriores. Contudo, a maioria dos reajustes salariais registrou uma alta mais forte que essa oscilação, resultando em ganho real para o trabalhador.
Quando ocorre o contrário, com os acordos e convenções ficando abaixo da inflação, o trabalhador tem a sua renda reduzida. Isso porque o reajuste salarial não consegue acompanhar o aumento dos preços de bens e serviços no país, obrigando o trabalhador a modificar seus hábitos de consumo para se adequar à nova renda e aos novos preços.
Já nos casos de reajustes equivalentes ao INPC, os trabalhadores seguem com o mesmo poder de compra. Em síntese, os empregados continuam podendo comprar os itens que tinham condições de adquirir no ano anterior, pelo menos na teoria. Entretanto, não há possibilidade de aumento do consumo, uma vez que a renda subiu apenas o suficiente para mantê-lo no mesmo patamar do ano anterior.
O boletim Salariômetro divulgou as expectativas para os próximos meses. A saber, as projeções para a inflação acumulada em 12 meses indicam queda da taxa até junho ou julho. Dessa forma, os reajustes deverão continuar apresentando ganho real, em sua maioria, pelos próximos meses, uma vez que a inflação estará mais controlada.
Aliás, a Fipe revelou que a prévia do levantamento referente a março mostra que 88,5% dos 52 acordos e convenções coletivas realizadas no mês resultaram em ganho real positivo, ou seja, ficaram acima da inflação. Os dados consolidados só deverão ser divulgados em abril.
Vale destacar que todos os setores econômicos tiveram reajuste mediano positivo entre janeiro e março deste ano. Em resumo, o reajuste real mediano foi de 0,79%, mas dois setores se destacaram no período, com taxas ainda mais expressivas: construção civil (1,50%) e agropecuária (0,95%).
Além disso, o levantamento também revelou que as unidades federativas registraram taxas positivas no período. Os reajustes variaram entre 1,78%, no Acre, e 0,0%, no Amapá.
A Fipe ainda destacou que fevereiro foi o terceiro mês consecutivo em que uma parcela significativa dos reajustes salariais ficaram acima da inflação. Ao mesmo tempo, esse foi o décimo mês em que o reajuste real mediano superou a taxa acumulada pelo INPC em 12 meses.
No entanto, a entidade ressalta que todos esses resultados acontecem após o Salariômetro indicar, no primeiro semestre de 2022, que os trabalhadores do país sofreram nos 30 meses anteriores sem reajuste real positivo nos acordos e convenções coletivas.