Você certamente já ouviu falar do open banking. Durante este ano, ele está sendo gradualmente implantado pelo Banco Central no país, à exemplo de países como o Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, México, Índia, Japão, Austrália e muitos outros. Como vai funcionar e interferir na nossa vida financeira? E o mais importante: podemos confiar neste sistema?
O que significa “open banking?”
Na tradução literal, open banking significa “banco aberto”, ou “sistema bancário aberto”. Esse conceito tem um princípio simples: abrir o leque de opções disponíveis para o cliente bancário e permitir que ele tenha mais liberdade para levar suas informações financeiras para onde quiser.
Isso quer dizer que o consumidor terá maior controle de seus dados, e poderá levá-los ou compartilhá-los com a instituição financeira que oferecer melhores opções e pacotes de serviços ou produtos.
Isso será regulamentado através do Banco Central, aonde as instituições cadastradas terão uma tecnologia padronizada, facilitando e simplificando a comunicação entre as diferentes instituições. Essa tecnologia – ou forma de conversar – se daria por meio de APIs.
O que são APIs?
A API (Application Programming Interface), traduzida como Interface de Programação de Aplicativos, são os padrões de programação de aplicativos, sites ou qualquer outra plataforma na internet. Será como uma forma de comunicação fácil para simplificar a portabilidade de dados. Isso não significa que toda a tecnologia, de todas as instituições, será a mesma, e muito menos que as informações ficarão soltas no sistema. Na verdade, apenas uma camada dessa tecnologia será capaz de entender e conversar com todas as plataformas do sistema.
Então, quando o cliente quiser, ele poderá pedir que o banco compartilhe informações com outras instituições. Ele poderá levar seu histórico para outra instituição ou compartilhá-los com algum serviço, como um aplicativo de controle de gastos ou em sites de compras, por exemplo.
O ambiente seguro de todas as operações online que acontecem hoje, serão a base para que o cliente tenha total controle das informações que decidir compartilhar com outras instituições ou empresas.
Na prática, como vai funcionar o open baking?
O cliente de um banco cria um vasto histórico de crédito construído ao longo do tempo de relacionamento com ele, através das contas pagas em dia, os salários depositados, as prestações, empréstimos, perfil de gastos, entre outras.
Com o open banking, o cliente consegue pegar todas essas informações e levá-las para onde quiser, sem ter que começar um relacionamento do zero com uma nova instituição.
Essa é uma mudança enorme que vai facilitar muito a vida dos clientes que desejam migrar de instituição, ou simplesmente adquirir um novo produto financeiro.
Hoje em dia, trocar de banco é burocrático e complicado. Com o open banking, ao mudar de banco, o relacionamento que você tinha anteriormente é levado com você. A nova instituição poderá, com isso, oferecer serviços e produtos que mais se adequam ao seu perfil, de forma simples e sem burocracia.
Por exemplo, se um cliente pedir um empréstimo em uma instituição, ele poderá usar seu histórico já existente em outros lugares para conseguir melhores taxas de juros ou limites.
Para a instituição, fica muito mais fácil desenvolver novos produtos e serviços quando todo o mercado fala a mesma língua e tem um padrão.
Quais dados poderão ser compartilhados?
Veja abaixo alguns tipos de dados que poderão ser compartilhados por aqui, sempre com o consentimento do usuário:
- Dados pessoais: nome, CPF, CNPJ, telefone, endereço, etc;
- Dados transacionais: informações sobre renda, faturamento (no caso de empresas), perfil de consumo, capacidade de compra, conta corrente, etc;
- Dados sobre produtos e serviços utilizados: empréstimo pessoal, financiamento, etc.
Quais as vantagens do Open Banking?
O princípio básico do open banking é que os dados do consumidor são de sua propriedade e não do banco em que ele tem uma conta. Isso facilitaria e muito nossa vida enquanto cliente.
Imagine a situação em que um cliente possui uma conta no banco A. Ali estão todas as suas informações financeiras, histórico de transações e, claro, se ele é ou não um bom pagador.
Se este cliente decidir pedir um empréstimo no banco B, aonde ele ainda não tem uma conta ou a abriu recentemente, será burocrático e pode ser que não consiga. Lembre-se que o banco B não detém seu histórico e não sabe como eram suas transações financeiras.
Deste modo, o cliente acabará refém da instituição que tem acesso aos seus dados, sujeito a juros e outras taxas daquele banco. Com o open banking, o cliente será o detentor de suas informações e decidirá com quais instituições quer compartilhá-las. Será mais fácil e simples saber qual delas oferecem o melhor serviço ou produto que procura. Isso vale não só para empréstimos, mas para diversas funções que bancos, fintechs e outras instituições de pagamento podem oferecer.
O Serasa Experian, autoridade em prestação de sérvios financeiros, resume as principais vantagens práticas do modelo:
- Liberdade, autonomia e transparência: ao mudar de banco ou buscar um serviço em outra instituição financeira, o cliente poderá compartilhar dados. Isso diminui a burocracia e a fidelização a uma única instituição.
- Diminuição de custos: o open banking conta com a API aberta, que possibilita a redução de custos e intermediários nas operações, tornando os processos mais ágeis e baratos.
- Maior competividade: o consumidor terá mais opções de produtos e serviços personalizados, o que aumentará a competividade entre elas para conquistar o cliente.
- Proteção de dados: o open banking deve ter regras e leis claras para proteger o sistema, impedindo o mau uso das informações dos clientes. Além disso, a possibilidade de cortar o acesso aos dados também deverá ser simples para o cliente, quando ele não quiser mais compartilhar suas informações.
Quando entrará em vigor?
A última fase de implantação do open banking começará no dia 15/12, quando será possível o compartilhamento de informações de produtos e serviços, como as relacionadas a operação de câmbio, investimentos, seguros e previdência.
Como consultar minhas informações?
Ao longo da vida, realizamos muitas operações bancarias e com diversas instituições. Quer saber o que constam em suas informações? Consulte o Registrato do Banco Central.
O Registrato é um sistema onde você pode consultar, de graça, informações sobre suas contas bancárias e chaves Pix cadastradas, empréstimos em seu nome, dívidas com órgãos públicos federais, além de dados de compra ou venda de moeda estrangeira feita por você.