O Governo chegou bem perto de anunciar ainda nesta terça-feira (19) um aumento do Bolsa Família para a casa dos R$ 400. O programa, que vai passar a se chamar Auxílio Brasil, deve começar os seus repasses ainda em novembro. De qualquer forma, o Palácio do Planalto decidiu cancelar esse anúncio.
Nas redes sociais e nas ruas, milhões de pessoas estão pedindo para que o Governo Federal aumente os valores do programa. O desespero se justifica por um motivo simples: o alto desemprego somado com o aumento da inflação está fazendo muitos brasileiros sentirem fome nos últimos meses.
Acontece, no entanto, que alguns economistas estão discordando desse aumento do programa. Boa parte deles não são contra a elevação dos valores em si, mas a forma como ele está sendo dirigido. Foi isso o que disse, por exemplo, o sócio e economista-chefe da RPS Capital, Gabriel Barros, em entrevista para o jornal Folha de São Paulo.
“Há instrumentos para resolver essas questões. O governo optou pela pior saída, que vai desorganizar a economia brasileira e não vai proteger os mais pobres de fato. Eles vão receber com uma mão e perder com a outra”, afirma Barros nesta entrevista. O plano do Governo é pegar parte dos pagamentos do Auxílio de fora do teto de gastos.
“Vai piorar para as pessoas que, supostamente, eles estão querendo proteger”, completou Gabriel ainda nesta mesma entrevista. Na visão desse economista, o grupo político conhecido como Centrão estaria usando o clamor popular para fazer o Governo gastar mais de fora do teto para que sobre mais um limite para pagamentos de emendas parlamentares.
Economistas
A economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, concorda com essa linha de pensamento. De acordo com ela, caso essa decisão do Governo Federal se confirme, então seria uma notícia ruim para os mais vulneráveis.
“Com uma mão, aumenta o benefício. Com a outra, o governo entrega uma inflação maior, que vai corroer esse aumento, e uma piora da atividade econômica que vai manter essa população mais tempo fora do mercado de trabalho. Isso traz uma ilusão”, disse ela.
Ainda de acordo com Gabriela, essa manobra do Governo poderia acabar fazendo apenas com que o Palácio do Planalto possa acabar tendo mais espaço no orçamento para o pagamento de emendas parlamentares para o Centrão. Tudo isso no ano das eleições.
Auxílio: um outro lado
Só que muita gente não concorda com esses economistas. Algumas pessoas argumentam, por exemplo, que os brasileiros estão passando fome agora. É que por isso o Governo Federal precisaria fazer algo para esses cidadãos neste momento.
De acordo com informações vazadas para a imprensa, o projeto em questão deve pagar parcelas de R$ 400. Sendo que R$ 300 serão pagos dentro do teto de gastos, e o restante fora de forma temporária até o final de 2022.
Mesmo diante de críticas de economistas, do mercado e do Ministério da Economia, o Presidente Jair Bolsonaro voltou a cravar nesta quarta-feira (20) que vai pagar R$ 400 no Auxílio Brasil a partir do próximo mês de novembro.