O que as cidades já estão fazendo para se digitalizar
Estudo da Visa mostra as iniciativas de investimento que municípios ao redor do mundo têm feito para digitalizar seus serviços
O estudo da Visa Building a Future-Ready City (Construindo uma cidade preparada para o futuro, em tradução livre) também mostrou o que os municípios já têm feito para se digitalizar. Apesar dos obstáculos, o estudo mostra que as cidades estão aumentando seus investimentos em tecnologia em todos os principais domínios urbanos.
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Em média, as cidades pretendem gastar um total de US$ 350 milhões nos próximos cinco anos, o que representa algo como US$ 470 por cidadão. Cidades preparadas para o futuro planejam gastar mais do que as outras nos seguintes domínios:
- Infraestrutura digital: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 275 por cidadão contra os US$ 127 planejados pelas outras.
- Energia, água e outros serviços públicos: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 180 por cidadão, contra os US$ 121 planejados pelas outras.
- Mobilidade e transporte: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 177 por cidadão, contra os US$ 119 planejados pelas outras.
- Vida e saúde: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 117 por cidadão, contra os US$ 62 planejados pelas outras.
- Meio ambiente e sustentabilidade: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 115 por cidadão, contra os US$ 77 planejados pelas outras.
- Segurança pública: as cidades preparadas para o futuro planejam gastar US$ 88 por cidadão, contra os US$ 45 planejados pelas outras.
Mudança climática não é prioridade de investimentos
Entre os desafios apontados pelo estudo, a mudança climática é considerada o maior desafio das cidades. Mas a mudança climática é uma das áreas de menor investimento dentre esses domínios, embora seja o desafio mais citado por cidades e cidadãos.
Parte disso reflete uma abordagem holística à sustentabilidade, incorporada aos planos de vários outros domínios. Ainda assim, o meio ambiente representa uma grande oportunidade para as cidades investirem em inovação localmente a fim de criarem empregos e construírem comunidades mais sustentáveis e preparadas para o futuro.
Das 200 cidades que participaram do estudo, Belo Horizonte e Aracajú figuram entre as mais bem colocadas da América Latina.
A ThoughtLab, com apoio da Visa, realizou um estudo comparativo mundial com 200 cidades e entrevistou 2 mil cidadãos em 20 cidades de diferentes partes do mundo para avaliar o alinhamento entre as estratégias das cidades e as expectativas dos cidadãos. Buscando insights qualitativos, a ThoughtLab entrevistou líderes de cidades para conhecer seus planos e fez reuniões com uma seleção global de especialistas em urbanismo. O estudo foi realizado em parceria com outras empresas, líderes empresariais, governamentais e acadêmicos.
O surgimento do termo “cidades inteligentes”
Segundo documento oficial do Governo Digital, o termo “cidades inteligentes” (“smart cities”) nasceu há cerca de vinte anos. Na época, o setor de TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) começou a perceber as cidades como um grande mercado a ser explorado. Foi quando surgiu a oferta de soluções para melhorar a prestação de serviços urbanos, destaca o Governo Digital.
O termo foi se popularizando. Passou a ser usado com diferentes sentidos em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Mostrou-se útil para melhorar a visibilidade de alguns projetos e organizações.
O tempo passou e o termo evoluiu. Cidades inteligentes viraram “inteligentes e humanas”, “inteligentes e sustentáveis”, “inteligentes, sustentáveis e humanas” e assim por diante, destaca o Governo Digital. A escolha de palavras indicava uma disputa nos bastidores.
Algumas vezes, o termo “cidades inteligentes” ficava subordinado à agenda mais ampla do desenvolvimento urbano, dando menos espaço às tecnologias de informação e comunicação. Outras vezes, ocorria o contrário, destaca o Governo Digital através de documento oficial.
Assim, hoje, o termo cidades inteligentes está muito mais ligado às TICs do que à urbanização. A agenda mais ampla de transformação digital nas cidades acabou se limitando aos setores de mobilidade e transportes urbanos, segurança urbana, governo digital, gestão de emergências e desastres, do que a infraestrutura, destaca o Governo Digital.