De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), principal contribuinte para o desenvolvimento do setor de combustíveis líquidos no Brasil, o preço dos combustíveis pode ficar ainda mais caro neste mês de janeiro. Isso pode acontecer devido aos impactos da operação padrão dos auditores da Receita Federal (RF).
A Associação afirma que poderá haver um aumento no preço dos combustíveis ou até mesmo um desabastecimento do mercado interno, devido às consequências da greve dos auditores da RF.
Há cerca de uma semana, a Abicom já havia declarado para parceiros comerciais que a greve de funcionários da Receita estava causando “sensíveis atrasos nas liberações dos combustíveis importados”. Em uma nova nota, a Associação destacou que as liberações das cargas importadas já estão demorando mais de 10 dias, período cinco vezes maior do que são normalmente processadas.
“Os atrasos nas liberações provocam maior tempo de armazenamento dos produtos nos tanques dos terminais portuários, gerando aumentos nos custos de armazenagem, bem como, com a retenção das cargas nos tanques dos terminais potencializa-se a falta de espaço para recebimento de futuros navios”, salientou a Abicom em nota.
De acordo com a Abicom, a importação de volumes expressivos para garantir o abastecimento se tornou necessária, já que as refinarias nacionais não têm capacidade para atender 100% da demanda dos principais combustíveis derivados do petróleo.
A importação começou a ser usada ainda mais pelas distribuidoras, após a Petrobras anunciar que não conseguiria suprir toda a demanda de distribuidoras em novembro e dezembro, o que reflete também agora, em janeiro de 2022.
“Os atrasos nas liberações dos produtos importados reduzirão a disponibilidade e oferta de combustíveis para atendimento dos pedidos das distribuidoras, potencializando o desabastecimento, durante o mês de janeiro de 2022”, afirma a Associação Importadores de Combustíveis.
Vale ressaltar ainda que os custos operacionais de um navio parado giram em torno de US$ 22 mil (cerca de R$125 mil, na cotação atual) por dia.
“A Abicom alerta que, mantida a operação padrão ora estabelecida pelos auditores da Receita Federal, poderá ocorrer a elevação dos preços dos combustíveis oferecidos aos consumidores, com risco de desabastecimentos pontuais, ainda em janeiro de 2022”, completou a entidade, em nota.
A gasolina foi a principal “vilã” para a inflação no Brasil em 2021, e como alega a Petrobras, o preço vai depender do comportamento do dólar e da variação do barril do petróleo no mercado internacional. O último reajuste nos preços dos combustíveis realizado pela refinaria foi feito em dezembro, quando o litro da gasolina recuou 3,13%, para R$ 3,09.
Desde 2016, a Petrobras passou a adotar para suas refinarias uma política de preços que se orienta pelas flutuações do preço do barril de petróleo no mercado internacional e pelo câmbio. Portanto, se essas duas variáveis sobem, a estatal promove um aumento do preço dos combustíveis nas refinarias.
Outra alternativa adotada pelo presidente, é negociar com o Congresso para fazer com que cada um dos 26 Estados brasileiros fixem um valor nominal para o ICMS, imposto incidente sobre o preço dos combustíveis.