Número de transações por aproximação quadruplica em um ano
Crescimento das operações sem contato deve ajudar na popularização da tecnologia Tap to Phone
O último balanço do setor de meios eletrônicos de pagamentos, realizado trimestralmente pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), mostra que as transações por aproximação mais do que quadruplicaram no período de um ano. Elas passaram de R$ 53 bilhões no primeiro semestre de 2021 e atingiram R$ 235,5 bilhões no mesmo período de 2022.
Estes números representam um aumento de 344,5%. Dos R$ 235,5 bilhões em pagamentos por aproximação, R$ 132,2 bilhões foram no crédito, R$ 69,9 bilhões pelo débito e R$ 39,4 bilhões em cartões pré-pagos. Em quantidade, foram feitas 4,6 bilhões de transações sem contato entre janeiro e junho de 2022, ante 1 bilhão nos mesmos seis meses do ano passado.
Segundo a Geopagos, empresa de tecnologia de pagamentos, a transação sem contato é a tecnologia que mais cresce entre os meios de pagamento. Hoje, mais de um terço de todas as compras presenciais feitas com cartão são por aproximação, diz a empresa. E este número deve crescer. Pela estimativa da Abecs, até o final de 2022, metade das transações presenciais feitas com cartão devem ser por aproximação.
Outra pesquisa, a Panorama Mobile Time/Opinion Box – Pagamentos móveis e comércio móvel no Brasil – setembro de 2022, corrobora o crescimento dos pagamentos por contato via cartões. Em 12 meses subiu de 36% para 41% a proporção de brasileiros com smartphone que já usaram o aparelho para pagamento por aproximação. Contudo, notou-se uma estagnação nos últimos seis meses.
Tap to Phone
Os dados mostram uma grande oportunidade para o crescimento da tecnologia Tap to Phone, que transforma o smartphone em um terminal de pagamento, sem a necessidade de um dispositivo adicional. É com esta tecnologia que a Geopagos, empresa argentina de infraestrutura de aceitação de pagamentos digitais, presente em 15 países da América Latina, inicia suas operações no Brasil, seguindo o plano de expansão dos seus negócios.
Estima-se que nos próximos anos, em todo o mundo, 2 bilhões de dispositivos Android se transformem em máquinas de aceitação de pagamento. Em outros países onde já foi testada, como Japão ou Bielorrússia, a tecnologia obteve sucesso no pagamento de transporte público, sem máquinas de bilhetes ou cartões adicionais.
O estudo O Futuro do Comércio Digital, feito pela Juniper Research, revela que os pagamentos por contato devem atingir US$ 10 trilhões em todo o mundo até 2027. Hoje, as transações por aproximação chegam a US$ 4,6 trilhões.
Já a pesquisa Panorama, aponta que o pagamento por aproximação com o celular foi utilizado nos últimos 30 dias por praticamente um em cada três brasileiros com smartphone (32%). Uma das explicações para não ser tão popular está no fato de requerer a tecnologia NFC (Near Field Communication), que não está presente em todos os modelos de smartphone.
Parceria Visa e Geopagos
O software Tap to Phone da Visa, que já opera em alguns países da América Latina com a colaboração da Geopagos, transforma os smartphones Android em terminais de ponto de venda sem contato. É possível aceitar pagamentos por aproximação com cartões de crédito e débito, além de dispositivos como anéis, relógios inteligentes ou carteiras virtuais.
O programa Visa Ready anunciou que o produto está ativo em mais de 15 mercados e a Geopagos defende que é um método de pagamento seguro e transparente. Por meio de tecnologias de identificação por radiofrequência, o leitor reconhece o chip do cartão e garante a transação.
Para ler os cartões, o equipamento precisa ter o chip NFC ativo, tecnologia de curto alcance e alta frequência que permite a troca de dados entre os dispositivos. Então, basta inserir o valor no aplicativo, aproximar o dispositivo que fará o pagamento ao celular, e o leitor reconhece o chip do cartão e garante a transação.
Na visão da empresa, isso ajuda os pequenos comércios, que não terão que pagar custos adicionais de hardware para processar vendas com cartão de débito e crédito. Para o consumidor, também há vantagem. Ele não precisa mais carregar dinheiro e muitas vezes nem um cartão físico, já que pode fazê-lo diretamente pelo celular ou por outros dispositivos.