O Banco Central (BC) reduziu a taxa básica de juros da economia brasileira pela terceira vez seguida. Com isso, a taxa passou de 12,75% para 12,25% ao ano. A decisão veio em linha com as projeções do mercado, já que os analistas acreditavam em uma redução de 0,50 ponto percentual da taxa Selic.
Apesar do corte firme, a queda da taxa de juros não deve baratear de maneira expressiva o crédito e as prestações, já que as decisões sobre a taxa de juros pode demorar até 18 meses para impactar a economia brasileira.
De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), existe uma grande diferença entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo. Logo, a decisão do BC não deverá impactar fortemente a população.
Na verdade, o impacto da redução da Selic, a taxa básica de juro da economia do país, deverá ser diluído no processo. Portanto, a queda dos juros não deverá ser sentida de imediato pela população, e nem de maneira significativa.
Em resumo, o juro médio para as pessoas físicas passará de 123,71% para 122,71% ao ano, segundo a Anefac. Já para as pessoas jurídicas, a taxa média vai cair de 59,98% para 59,24% ao ano.
Como a redução dos juros impacta a população?
A variação da taxa de juros impacta diretamente a população brasileira. Contudo, nem todos conseguem entender, na prática, o que significa essa redução de 0,50 ponto percentual dos juros.
Para entender, veja abaixo alguns exemplos de compras realizadas pelas famílias do país.
- Compra de produtos: com a nova taxa Selic, uma pessoa que comprar uma geladeira de R$ 1.500 e dividir o valor em 12 prestações terá uma redução de R$ 4,64 no valor final do eletrodoméstico;
- Cheque especial: um cliente que entrar no cheque especial em R$ 1.000 por 20 dias vai pagar R$ 0,27 a menos na operação;
- Rotativo do cartão de crédito: uma pessoa que utilizar R$ 3.000 do rotativo do cartão de crédito por 30 dias irá pagar R$ 1,20 a menos;
- Empréstimo pessoal: alguém que contratar um empréstimo pessoal de R$ 5.000 por 12 meses vai ter uma redução de R$ 14,85 ao final do pagamento do crédito;
- Financiamento de automóvel: uma pessoa que financiar um automóvel de R$ 40 mil por 60 meses vai pagar R$ 11,31 a menos por parcela com a nova taxa Selic. No final do pagamento de todas as parcelas, o consumidor pagará R$ 673,51 a menos.
Juros também afetam caderneta de poupança
A Anefac também revelou dados sobre o impacto que a nova taxa Selic de 12,25% ao ano vai exercer na caderneta de poupança. Em primeiro lugar, vale ressaltar que, quanto mais altos os juros estiverem, mais vantajosa fica a renda fixa no Brasil, e a poupança faz parte desse grupo de ativos.
Com a redução da taxa Selic, a caderneta passa a ter um rendimento mais fraco. Em suma, a poupança só vai render mais que os fundos de investimento se houver a combinação de dois fatores: prazo curto da aplicação e elevada taxa de administração cobrada pelos fundos.
Veja quando a poupança rende mais que os fundos de investimentos:
- Aplicação de até dois anos em relação a fundos com taxa de 3% ao ano;
- Aplicação de seis meses em relação a fundos com taxa de 2,5% ao ano
A Anefac informou que a poupança terá o mesmo rendimento dos fundos quando o dinheiro ficar aplicado entre seis meses e um ano e a taxa de administração for de 2,5% ao ano. Aliás, a entidade ressaltou que, mesmo com a isenção de tributos, o rendimento da poupança é baixo e não se mostra vantajoso para a população, no geral.
Taxa Selic deve cair novamente em dezembro
O terceiro corte na taxa Selic é muito positivo para os brasileiros, pois os juros mais baixos fortalecem o consumo no país. Em síntese, a Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços no país.
Quanto mais alta a taxa Selic estiver, mais altos ficarão os juros no país, o crédito ficará mais caro e o poder de compra do consumidor encolherá, o que desaquece a economia.
Como os juros encarecem o crédito, as pessoas se veem mais apertadas financeiramente e acabam forçadas a modificarem os hábitos de consumo. Na verdade, a inflação elevada já pressiona a renda dos brasileiros, e os juros em patamar muito alto agrava ainda mais esse cenário.
Nos últimos meses, a inflação perdeu ainda mais força no Brasil. Por isso que o BC decidiu promover o terceiro corte dos juros desde agosto de 2020. Inclusive, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) informou que haverá um novo corte em dezembro, durante a última reunião do comitê em 2023.