Novo Bolsa Família pode ficar fora da regra do teto de gastos

Novo Bolsa Família pode ficar fora da regra do teto de gastos

Indicação foi confirmada pelo relator do orçamento para o próximo ano. Novo Bolsa Família começa a ser pago em janeiro

As despesas do Governo Federal com o Bolsa Família deverão ficar fora do teto de gastos a partir do próximo ano. Esta foi a indicação do relator do plano de orçamento para 2023, o senador Marcelo Castro (MDB-PI). De acordo com ele, as discussões em torno deste assunto estariam avançadas junto ao governo de transição.

Na oportunidade, Castro afirmou ainda que o plano é deixar o Bolsa Família fora do teto de gastos não apenas em 2023. “A ideia é que seja permanente, que haja compromisso da sociedade brasileira com os mais carentes, mais pobres, que eles possam sentir que haja segurança, e que estejam excepcionalizados para sempre esses recursos”, disse o senador.

Caso a ideia seja confirmada, a chamada PEC da Transição poderia custar R$ 175 bilhões aos cofres públicos. Este valor seria suficiente para bancar a manutenção do saldo do projeto na casa dos R$ 600, além da criação de um adicional de R$ 150 por filhos menores de seis anos de idade. Os benefícios começariam a sair do papel já em janeiro.

Nas últimas semanas, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB) chegou a se reunir com membros do Congresso Nacional, em especial o presidente, Arthur Lira (PP-AL). Em pauta, estava justamente a questão da PEC dos Benefícios, que deverá manter o Auxílio na casa dos R$ 600.

Esta indicação de que o novo Bolsa Família vai ficar fora do teto de gastos públicos ocorre um dia depois de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar  o teto de gastos e a responsabilidade fiscal. O discurso, aliás, parece ter sido mal recebido pelo mercado, que respondeu com notáveis quedas na bolsa e subidas no dólar.

Lula critica teto de gastos

“Por que pessoas são levadas a sofrer para garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que toda hora as pessoas dizem que é preciso cortar gasto, que é preciso fazer superávit, que é preciso ter teto de gastos?”, questionou o presidente.

Horas depois desta declaração e da consequente reação negativa do mercado, Geraldo Alckmin tentou amenizar a situação. “Se há alguém que teve responsabilidade fiscal, foi o governo Lula”, disse ele.

Além do Auxílio

Ao deixar o Bolsa Família fora do teto de gastos, o governo abre margem para mais gastos dentro das regras fiscais. Sobrariam neste sentido algo em torno de R$ 107 bilhões para bancar outras promessas de campanha do presidente eleito.

Podemos citar aqui, por exemplo, o aumento real do salário mínimo e a distribuição de mais investimentos para programas como o Farmácia Popular já a partir de 2023. O documento da PEC poderá ser entregue ainda nesta sexta-feira (11).

Para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição, o governo eleito precisa contar com os votos de três quintos da Câmara dos Deputados e mais três quintos do Senado Federal. Em tese, seria preciso aprovar o documento até o próximo dia 15 de dezembro.

Dados atuais do Ministério da Cidadania apontam que pouco mais de 21 milhões de pessoas já recebem o Auxílio Brasil. A tendência natural é de que todos migrem automaticamente para o Bolsa Família.

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