A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, em uma declaração recente, trouxe preocupações sobre o cenário dos financiamentos imobiliários no país. Segundo ela, a redução nos recursos da poupança devido aos altos juros tem trazido problemas para essa modalidade de financiamento.
Momento delicado para o financiamento imobiliário
Durante a apresentação dos resultados do segundo trimestre do banco, Serrano destacou que essa questão tem sido uma preocupação constante da Caixa. Nos últimos anos, o banco público perdeu cerca de R$50 bilhões em captação de poupança, mesmo com a queda dos juros. Isso ocorre porque a taxa Selic continua alta e a poupança não se torna um produto atrativo para os investidores, de acordo com informações do Valor Econômico.
O vice-presidente financeiro da Caixa, Marcos Brasiliano, ressaltou que, enquanto a captação da poupança não voltar a subir, a instituição não tem previsão para reduzir as taxas de financiamento habitacional. A poupança é uma das principais fontes de captação para esse tipo de crédito imobiliário.
Ele ainda destacou que, em 2024, a depender do comportamento da curva de juros, poderá haver um sinal para redução dos juros no crédito imobiliário, mas tudo será feito com muita responsabilidade, como marca dessa administração, segundo o Valor Econômico.
Caixa: o último a elevar as taxas e o primeiro a reduzir
Brasiliano também afirmou que a Caixa é o último banco a elevar as taxas de juros e o primeiro a reduzi-las. Ele já havia mencionado anteriormente que a instituição saiu do viés de reprecificação da carteira e agora busca oportunidades de reduzir os juros em algumas linhas de crédito. Pouco antes do anúncio da queda na taxa básica de juros, Selic, pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), tanto a Caixa quanto o Banco do Brasil já haviam divulgado cortes nas taxas em algumas linhas, como o consignado.
Problema já havia sido mencionado anteriormente
A presidente da Caixa, Maria Rita Serrano, já havia mencionado essa preocupação em maio deste ano, durante o lançamento de uma nova campanha para promover os investimentos na poupança. Segundo ela, a campanha foi lançada em um momento em que houve grandes saques na poupança nos últimos meses.
A caderneta de poupança, junto com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), é uma das principais fontes de captação para os financiamentos imobiliários realizados pelo banco. Com a taxa de juros alta, houve perdas na poupança, o que torna o investimento em habitação mais caro, já que é necessário buscar outras fontes de financiamento mais custosas, de acordo com informações da Folha.
Brasiliano também destacou que a Caixa busca continuamente o ponto ótimo, onde é possível liberar o maior número de empréstimos com a menor taxa de juros possível. A intenção é evitar novos ajustes, segundo a Folha.
Em maio, de acordo com o Banco Central, os saques da caderneta de poupança foram maiores que os depósitos em R$11,747 bilhões. Esse registro representa a maior saída líquida para o mês desde o início da série histórica, que é calculada desde 1995.
O que tem levado a essas retiradas?
Existem diversos fatores que podem explicar o aumento das retiradas dos fundos da poupança. Com o crescimento das dívidas, os brasileiros podem estar resgatando dinheiro para pagar as contas. Além disso, as pessoas estão conhecendo outras modalidades de investimento que oferecem maior rentabilidade, o que também pode contribuir para as retiradas.
Essa situação delicada dos financiamentos imobiliários no Brasil tem preocupado os brasileiros. É necessário que haja uma retomada na captação de recursos da poupança para que as taxas de juros possam ser reduzidas, tornando o investimento em habitação mais acessível para a população. A Caixa Econômica Federal, como um dos principais agentes nesse mercado, está atenta a essa questão e busca soluções para garantir o crescimento do setor imobiliário no país.