Economia

Nova modalidade do PIX pode ser uma ameaça ao cartão de crédito?

Desde 2020, com o inicio do PIX, os brasileiros observaram as vantagens de fazer transferências entre amigos e parentes sem precisar pagar nenhuma tarifa, oque tornou o sistema muito famoso. Desde então, a primeira previsão que surgiu entre especialistas era de que as transações por TED e DOC estavam destinadas a morrer.

O PIX teve um desenvolvimento tão acelerado que, em apenas 2 meses já era o tipo de transferência bancária mais usada no país. Além disso, no início de 2022, com mais de um ano de existência, somava quase 20 vezes mais transações que o tradicional TED, segundo dados do Banco Central (BC).

Previsões para o PIX

Em outra previsão, esta um pouco mais ousada, apontava que o cartão de débito também perderia espaço. Isso aconteceria à medida que comerciantes e prestadores de serviço passassem a aceitar mais o Pix como pagamento, algo que tem acontecido aos poucos.

Até então, o cartão de débito ainda sobra em comparação ao Pix e segue em expansão, mas já há relatos do mercado que indicam um impacto negativo. A Stone, por exemplo, uma das principais adquirentes do país, disse a analistas do mercado que estima que o Pix pode substituir cerca de 5% dos pagamentos que registra no débito.

De acordo com a pesquisa realizada pela consultoria Colink Business Consulting, que entrevistou executivos do setor de pagamentos, destaca que 95% deles acreditam que o Pix deve tomar espaço das transações com cartão de débito, pressionando as margens de lucro das empresas de pagamentos.

Os quatro grandes bancos com ações negociadas na Bolsa, por exemplo, perderam R$ 1,5 bilhão em receita com tarifas no primeiro ano de Pix, mas são apenas cócegas em relação ao que ganham no mercado de crédito. Segundo levantamento, apenas o Itaú, para se ter um parâmetro, gerou R$ 19 bilhões em receita com juros no primeiro trimestre.

Cartão de crédito em risco

O sistema agora irá apresentar uma nova modalidade, o Pix Garantido, essa servirá para parcelar transações sem precisar ter dinheiro em saldo. Assim como faz o cartão de crédito, principal fonte de receita das maquininhas e um dos pilares do relacionamento que os bancos mantêm com seus correntistas.

O cartão de crédito é mais importante para o setor financeiro, não só por conta do maior volume transacionado, mas também porque as maquininhas cobram do lojista uma taxa maior em cada pagamento, em comparação ao débito.

O Pix Garantido ainda não tem previsão para ser lançado pelo BC, mas, quando estiver na praça, vai basicamente permitir que um consumidor sem saldo na conta possa agendar um pagamento para uma determinada data.

Caso chegue a data, e ele continuar sem saldo, o banco garante o pagamento e o consumidor passa a dever para o banco. Na prática, é um produto de crédito e, assim como o cartão de crédito, também vai viabilizar o parcelamento.

Caso o PIX Garantido se popularize e o cartão de crédito acabe perdendo espaço, os bancos tendem a cobrar uma comissão menor, devido à maior concorrência. Como consequência, os bancos terão uma receita mais tímida com esse produto e terão menos condições de oferecer bons benefícios. Se os benefícios serão piores, o correntista terá menos incentivos para usar o cartão de crédito do banco.