A violência é um dos problemas mais urgentes enfrentados pelo Brasil hoje em dia. O país está entre os mais violentos do mundo, com altas taxas de homicídios e crimes violentos. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou mais de 57 mil mortes violentas intencionais em 2021, uma média de quase 160 mortes por dia. Esses números alarmantes levaram ao surgimento de um monitor de violência que analisa e classifica as cidades mais violentas do país.
Metodologia do Monitor de Violência
O Monitor de Violência é uma ferramenta que utiliza dados fornecidos pelas secretarias de segurança pública estaduais, polícias civis, militares e federais, além de outras fontes oficiais da Segurança Pública. Essa metodologia contribui para a transparência e prestação de contas na área, melhorando a qualidade dos dados e fornecendo conhecimento para avaliação de políticas públicas e debates sobre o tema.
As cidades mais violentas da Bahia
Dentre as 50 cidades mais violentas do Brasil, 12 estão localizadas na Bahia, tornando o estado o mais representado na lista. Todas essas cidades têm mais de 100 mil habitantes e apresentam altas taxas de mortes violentas. O município com a maior taxa de mortes violentas é Jequié, que nem mesmo está entre as 10 maiores cidades baianas em termos de população. Jequié registra uma taxa de 88,8 mortes violentas para cada 100 mil habitantes. Outras três cidades baianas também possuem taxas superiores a 80: Santo Antônio de Jesus (88,3), Simões Filho (87,4) e Camaçari (82,1). Esses números são alarmantes e mostram a urgência de ações efetivas para combater a violência nessas regiões.
Histórias trágicas das vítimas
Por trás das estatísticas de violência estão histórias trágicas de vítimas e suas famílias. Um exemplo é o caso de Marcelo Daniel Ferreira, um jovem de 19 anos que foi morto por policiais militares enquanto celebrava o Natal com sua família. A versão da polícia para o caso foi de que eles foram recebidos a tiros e revidaram, porém os moradores contestaram essa versão, alegando que o jovem estava se divertindo com sua família quando os PMs chegaram atirando. Marcelo foi baleado quatro vezes e não resistiu aos ferimentos. Infelizmente, casos como esse não são isolados e evidenciam a necessidade de uma maior transparência e responsabilização em relação às ações policiais.
Queda nos registros de assassinatos
Apesar do alto número de vítimas, a Bahia registrou uma diminuição nos registros de assassinatos em 2021. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o estado contabilizou 7.069 assassinatos no ano passado, o que representa uma queda de 9% em relação ao ano anterior. Essa diminuição é um indicativo positivo, porém ainda há muito a ser feito para garantir a segurança da população baiana.
Aumento das lesões corporais com morte
Enquanto os números de assassinatos diminuíram, houve um aumento de 14,2% nas lesões corporais que terminaram com a morte das vítimas. A Bahia está entre os três estados com o maior número de registros desse tipo de crime, com 64 pessoas mortas devido a agressões. Esses dados mostram que a violência continua sendo um problema grave no estado, mesmo que algumas estatísticas tenham apresentado melhorias.
Latrocínios em queda
Uma boa notícia é a queda nos registros de latrocínios, que são os roubos seguidos de morte. Em 2021, a Bahia ocupava a segunda posição no país, com 137 casos desse tipo de crime, ficando atrás apenas de São Paulo, que registrou 173 latrocínios. No último ano, houve uma queda de 36,5% nesse tipo de crime, com o estado baiano passando para a quarta posição, com 87 registros. Apesar dessa redução, é preciso continuar trabalhando para combater esse tipo de crime e garantir a segurança da população.
Intervenções policiais e mortes
Outro dado alarmante é o número de mortes resultantes de intervenções policiais na Bahia. O estado lidera nesse quesito, com um aumento de 9% no último ano, totalizando 1.464 mortes. Esse número inclui tanto as mortes causadas por agentes em serviço quanto fora de serviço. É fundamental que sejam adotadas medidas para garantir a atuação da polícia dentro dos limites legais, evitando o uso excessivo da força e protegendo os direitos humanos.
A violência é um grave problema enfrentado pelo Brasil, e a Bahia não está imune a essa realidade. Com 12 cidades entre as mais violentas do país, é urgente que ações efetivas sejam tomadas para combater esse cenário. A diminuição nos registros de assassinatos e latrocínios é um indicativo positivo, mas o aumento das lesões corporais com morte e das mortes resultantes de intervenções policiais mostra que ainda há um longo caminho a percorrer. É necessário investir em políticas de segurança pública eficientes, que priorizem a prevenção da violência e a proteção da vida dos cidadãos.
Lembre-se: a segurança é responsabilidade de todos, desde os órgãos de segurança pública até a sociedade civil. Somente com uma atuação conjunta e comprometida será possível superar o desafio da violência e construir um país mais seguro para todos.